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Preço de agropecuários de exportação derruba IGP-M

Índice de inflação fecha 2013 em 5,51%, ante 7,82% em 2012; para famílias, porém, alimentos sobem 9,16%

MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO

A inflação pesou mais no varejo do que no atacado neste ano, afetando as famílias, que gastaram mais para comprar carnes, pães e frutas.

O IGP-M, índice de preços que tem prevalência de produtos no atacado, fechou o ano em 5,51%, abaixo do verificado em 2012 (7,82%).

O recuo foi influenciado pela queda dos preços agropecuários no exterior, que afetou a maior parte do índice: a inflação medida pelo IGP-M é 60% captada no atacado. Outros 30% são de preços ao consumidor final e 10% na construção civil.

No atacado, os preços agrícolas fecharam o ano com queda de 1,49%, sob influência do milho (-27,10%), da soja (-1,38%) e do café (-27%).

Já no varejo, a inflação dos alimentos foi de 9,16%.

André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas, instituição que calcula o índice, afirma que a cesta de compras do consumidor é diferente e concentra mais itens que subiram de preço, como carnes (+9,14%), pão francês (+14,94%), hortaliças e legumes (+8%) e frutas (+15,44%).

"Foi um ano de supersafra, mas é preciso saber de quais produtos estamos falando. Milho e soja ajudam a baixar preços industriais, mas isso não quer dizer que as cestas das famílias ficaram mais baratas", disse ele.

Esse descompasso deve fazer com que o IGP-M fique também abaixo do índice de inflação oficial, o IPCA, focado nos preços ao consumidor e que segundo projeção de analistas deve subir 5,72% neste ano. O resultado será divulgado em janeiro.

O cenário soa um tanto atípico em um ano em que se esperava um aumento mais acelerado dos preços no atacado, a reboque da alta do dólar. A moeda americana subiu 14,68% neste ano, afetando preços de importados e também de matérias-primas que vêm do exterior.

Segundo Luís Otávio Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, os preços internos acabaram não sofrendo tanta pressão porque o dólar subiu no mesmo período em que as matérias-primas perdiam fôlego lá fora.

No primeiro semestre, o CRB (índice de preços de commodities) subiu 2,26%. Na segunda metade do ano (até novembro) aumentou menos: 2%. Em setembro e outubro, o índice recuou quase 9%. Foi no segundo semestre que o dólar subiu com mais força.

Leal observa ainda que os preços no varejo sofreram mais neste ano o impacto do aumento das matérias-primas ocorrido em 2012. No atacado, boa parte desse efeito havia ocorrido em 2012.

Apesar de mais pressionados, os preços ao consumidor receberam contribuições de baixa em áreas administradas pelo governo. A energia elétrica recuou 18%. Tarifas de ônibus foram congeladas, e o aumento da gasolina ficou contido até o fim do ano.

Braz afirma que essa atuação do governo fez com que a inflação ficasse mais baixa do que se previa em 2013. Mas gera "uma dívida para o futuro", uma vez que esses preços terão que ser corrigidos.

Uma nova alta do dólar em 2014, hipótese em que muitos economistas acreditam devido à recuperação dos EUA, deve acrescentar mais pressão sobre os preços.

"A inflação não está fora de controle mas requer cuidados", afirma Leal.


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