Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Com lei seca e alta de custos, cerveja sobe mais em restaurantes e bares

Preços têm alta generalizada, mas inflação da bebida fora do domicílio é maior do que no lar

Associação do setor diz que estabelecimentos só repassam aumentos da indústria, que produziu menos no ano passado

TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO

Cena comum em dias de calor intenso como o das últimas semanas: bares cheios de consumidores sedentos por uma cerveja gelada. O tradicional programa de verão do brasileiro, porém, tem se tornado cada vez mais caro.

Em 2013, pelo terceiro ano consecutivo, o preço da cerveja subiu acima da inflação. O IBGE divulga hoje o índice oficial do ano passado, mas os dados até novembro mostram que a inflação da cerveja foi quase o dobro da geral.

Enquanto o IPCA avançou 4,9% até novembro, a cerveja subiu 8,9%. Nos bares e nos restaurantes, a alta foi mais significativa, de 9,7%, invertendo a tendência dos dois últimos anos, quando a bebida subiu mais nos supermercados do que nesses locais.

"Há dois anos, uma garrafa de cerveja no bar estava na faixa de R$ 5. Agora, está sempre acima de R$ 8 ou R$ 9. É um aumento de quase 100%", observa o microempresário Marcos Cruz, 33.

Para Adalberto Viviani, da Concept consultoria, especializada no setor, a percepção do consumidor está correta: os reajustes, neste ano, foram maiores nos pontos de venda, que tentaram recompor as margens de lucro com aumento no preço de bebidas.

"A situação de pleno emprego elevou o custo da mão de obra e, com a lei seca, os bares tiveram queda acentuada na frequência. Para compensar, elevaram os preços."

Dependendo da região de São Paulo, a frequência nos bares caiu de 10% a 20%, segundo o diretor da Abrasel-SP (associação de bares e restaurantes), Percival Maricato. "A situação é preocupante." Ele nega que tenha havido forte aumento de preço.

"O que os proprietários fazem, no máximo, é repassar a alta de preço praticada pela indústria, até porque a concorrência é violenta", diz.

A Ambev, que tem participação de mercado de aproximadamente 70%, afirma ter elevado os preços entre 5,5% e 6% no ano passado. Fora do lar, o preço da cerveja subiu quase 10% até novembro.

"Em 2013, nossa política de preços foi em linha com a inflação, em razão da decisão do governo de não fazer o aumento de imposto que era previsto para outubro", diz Nelson Jamel, diretor financeiro.

A queda no consumo também motivou a decisão da empresa, que agora tenta convencer o varejo a não aumentar os preços com a esperada retomada da demanda, motivada pelo calor.

Em dezembro, a Ambev lançou uma campanha em 500 mil pontos de venda no país, motivando-os a não promover reajustes durante o verão. "Achamos que era importante mostrar ao varejo que o aumento de receita pode vir pelo maior volume, e não por preço. É uma forma de reativar a indústria", diz.

Segundo a empresa, a adesão à campanha foi total.

CONSUMO EM QUEDA

A produção de cerveja caiu 2% no ano passado, segundo dados do Sicobe (sistema de controle de produção de bebidas da Receita Federal).

O setor foi afetado pela inflação de alimentos, pelo clima menos favorável e pelo freio no crescimento da renda, que nos anos anteriores motivou a alta na demanda.

Para 2014, a expectativa é de maior consumo, devido a temperaturas mais altas e à Copa do Mundo. "Devemos ter um mês de consumo de verão no inverno", diz Jamel.

Viviani, da Concept, diz que, por ser um ano eleitoral, espera-se aceleração de obras públicas, o que pode estimular ganhos de renda e o consumo. "A indústria deve crescer entre 2% e 3%", estima.

Já os preços podem subir com um novo aumento de tributos previsto para abril. O tamanho do repasse dependerá da estratégia do setor.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página