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Caixa fará ajuste de R$ 420 mi no balanço
Banco engordou lucro de 2012 ao contabilizar como receita 500 mil contas de poupança que foram encerradas
BC considerou operação irregular; Caixa diz que procedimento foi correto, mas que vai abater valor do resultado de 2013
A Caixa Econômica Federal terá de expurgar de seu balanço de 2013 R$ 420 milhões registrados no lucro líquido de 2012 que foram considerados irregulares pelo BC.
O ganho foi obtido porque o banco estatal contabilizou como receitas operacionais R$ 719 milhões que estavam depositados em 496.776 contas de poupança com falhas no cadastro e foram encerradas compulsoriamente.
A manobra veio a público em reportagem da revista "IstoÉ". Em nota, a Caixa argumentou que, entre 2005 e 2011, tentou localizar de diversas formas os clientes com irregularidades cadastrais. Chegou até a bloquear a movimentação eletrônica dos recursos para obrigá-los a comparecer a uma agência.
A partir daí, ao longo de 2012, encerrou as 496.776 conta consideradas com CPF ou CNPJ irregulares e lançou o dinheiro depositado (R$ 719 milhões) na sua contabilidade.
"Os recursos dessas contas encerradas foram registrados contabilmente na rubrica do passivo credores diversos'", explicou o banco na nota.
Em seguida, o documento justifica que, na falta de uma norma específica sobre a contabilização do dinheiro, a direção da instituição se baseou no "Manual Normativo da Caixa" para lançar a quantia como receita operacional, com impacto no resultado do banco de 2012.
"Esse procedimento gerou um acréscimo de receita de R$ 719 milhões e, excluídos os efeitos tributários, de R$ 420 milhões no lucro líquido", justifica a nota.
A instituição lucrou R$ 6,07 bilhões em 2012.
A manobra foi contestada pela CGU (Controladoria-Geral da União), e o Banco Central mandou o banco suspender a operação.
"Mesmo convicta da correção nos procedimentos adotados, a Caixa acatou de imediato a determinação do BC e mudou sua política de contabilização, com reflexos nas demonstrações contábeis de 2013", disse a instituição.
A direção do banco estatal diz ainda que nenhum poupador teve prejuízo e que os clientes podem, a qualquer momento, regularizar o cadastro e reaver o dinheiro com as devidas correções.