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Peso tem maior desvalorização desde 2002

Dólar chegou a subir mais de 15% e fechou com alta de 8,54%, após intervenção do Banco Central da Argentina

Governo nega intenção de permitir disparada da moeda americana para evitar redução das reservas nacionais

LÍGIA MESQUITA DE BUENOS AIRES

O peso argentino sofreu ontem a maior desvalorização em um único dia desde março 2002, ano em que o país acabou com a paridade fixa entre a moeda local e o dólar.

A moeda americana chegou a ser comercializada a 8,30 pesos, ante os 7,14 pesos do dia anterior. Fechou o dia cotada a 7,75 pesos, segundo o Banco Central da Argentina, uma desvalorização de 8,54%.

Segundo analistas, o governo deixou que o peso se desvalorizasse para tentar conter a sangria das reservas internacionais da Argentina, que caíram 29,1% em 2013 e estão no nível mais baixo em sete anos: US$ 29,4 bilhões.

A equipe da presidente Cristina Kirchner, contudo, negou essa intenção.

"Não foi uma desvalorização induzida pelo Estado. A oferta de divisas é a que se expressou ontem no mercado de câmbio", afirmou o chefe de gabinete da Presidência, Jorge Capitanich, sobre a alta do dólar, que começou já anteontem.

Ontem, porém, o banco central argentino decidiu intervir para conter a desvalorização do peso, que chegava a superar 15%. À tarde, a entidade vendeu US$ 100 milhões, e a cotação recuou.

O dólar paralelo, negociado no mercado informal, fechou o dia a 13 pesos.

Em maio do ano passado, a presidente Cristina Kirchner negou que pretendesse promover uma desvalorização do peso. Segundo ela, quem quisesse presenciar isso teria que esperar por uma próxima gestão.

"Era insustentável manter o câmbio como estava. E esse problema não se resolve apenas com controles. Agora precisamos esperar para ver como os preços internos ficarão", afirma o ex-ministro da Economia Aldo Ferrer, ligado a Cristina Kirchner.

Para o economista, a desvalorização do peso não tem semelhanças com a ocorrida em plena crise econômica de 2002. "A Argentina agora não está endividada."

CONTROLES

Desde junho de 2011 a Casa Rosada tenta conter a saída de dólares do país restringindo a compra da moeda americana e a importação.

Os argentinos, que sempre fizeram sua poupança em dólar, com medo de crises econômicas, da desvalorização do peso e mais recentemente da inflação, ficaram proibidos de comprar a moeda americana como investimento.

Para adquirir dólares, é preciso estar com viagem internacional marcada e há uma quantia limitada.

Nesta semana, o governo restringiu a compra on-line em lojas do exterior a duas por ano, se o valor superar US$ 25. Para efetuá-las, é necessário preencher uma declaração juramentada e pagar 50% de imposto.

No início de dezembro, a Casa Rosada aumentou de 20% para 35% o imposto para transações financeiras de pessoas físicas no exterior e para compras de passagens e de pacotes de viagem.

INFLAÇÃO

O governo evita a desvalorização do peso para não aumentar ainda mais a pressão sobre os preços internos.

Segundo consultorias privadas, a inflação em 2013 foi de 28,1%. Para o governo, cujo instituto de estatística é acusado de manipular dados, o índice foi de 10,9%. Aumentos de tarifas de transporte público podem elevá-la para 31% ainda neste mês.

"Precisamos saber quais são os próximos passos do governo", diz Jorge Vasconcelos, do Ieral (Instituto de Estudos sobre a Realidade Argentina e Latino-americana).

Para ele, o controle da inflação com o dólar mais caro passa por mudanças nas políticas fiscal e monetária.


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