Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Queda do peso põe em alerta mercado do Brasil

Economistas temem efeito de redução das exportações para a Argentina

Sob influência de pessimismo global com China e EUA, dólar vai a R$ 2,395 e Bolsa brasileira recua 1,98%

MARIANA CARNEIRO DANIELLE BRANT DE SÃO PAULO

A queda mais forte do peso argentino, ocorrida nos dois últimos dias, colocou em alerta investidores do mercado brasileiro.

Ontem, o dólar subiu e fechou no maior preço (R$ 2,395) em cinco meses em relação ao real e a Bolsa registrou uma queda 1,98% do seu principal índice.

Os movimentos tiveram mais relação com dados pouco animadores da China e com novos sinais de redução dos estímulos nos EUA do que com a turbulência do vizinho.

As Bolsas do mundo todo se desvalorizaram e, entre as 24 moedas emergentes mais negociadas, 18 caíram em relação ao dólar, refletindo a aversão geral de investidores a aplicações de maior risco.

Mas as preocupações recaem sobre como investidores estrangeiros possam vir a tratar Argentina e Brasil.

Consideradas economias irmãs até os anos 1990, quando superaram a inflação elevada com regimes de câmbio fixo, Brasil e Argentina dissociaram suas histórias em 2001. A insistência na dolarização da economia levou o vizinho à crise que culminou no não pagamento de sua dívida externa.

O colapso argentino respingou no Brasil e sugou parte do crescimento naquele ano.

Mais de uma década depois, Argentina e Brasil chegam em condições distintas a um novo cenário da economia global. A retomada dos EUA e o consequente afluxo de capitais para a maior economia do mundo afetam o Brasil, mas expõem dificuldades maiores do vizinho. Os países, porém, seguem ligados.

"O Brasil é um dos maiores parceiros comerciais da Argentina. Portanto, uma profunda crise por lá poderia afetar negativamente a já pobre balança comercial brasileira", diz Tony Volpon, diretor da corretora japonesa Nomura. "Além de fatores psicológicos, há fundamento na ideia de que uma crise teria efeitos no Brasil."

A Argentina respondeu por 8% das exportações brasileiras em 2013, atrás de China (19%) e EUA (10%). Mas compra produtos industrializados, sobretudo automóveis, que representam um quarto do que o Brasil vende para o vizinho.

Um dos instrumentos do governo para tentar controlar a queda do peso é justamente reduzir as compras externas. Em dezembro, a Argentina avisou que cortaria 27% das compras de carros brasileiros neste ano. E são renitentes as queixas do setor produtivo brasileiro sobre as dificuldades em vender para o país vizinho.

CLIMA

Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a crise na Argentina cria um clima de desvalorização em todos vizinhos.

"Houve uma piora da perspectiva de risco em relação aos emergentes, principalmente latino-americanos."

Mas ele pondera: "Ficamos apreensivos com a situação do nosso vizinho, mas seria um equívoco imaginar que o efeito será forte aqui".

O maior risco seria que o abalo argentino contribuísse para dar mais impulso ao dólar no Brasil. Com base no cenário atual, analistas ouvidos pela pesquisa semanal do BC projetam a moeda em R$ 2,45 ao fim do ano. Uma alta adicional poderia pressionar a inflação e levar o BC a subir os juros ainda mais.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página