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Análise

Falta de diagnóstico claro se reflete em política errática

GUSTAVO PATU DE BRASÍLIA

A queda da atividade econômica por dois trimestres consecutivos é, por tradição, o indicador mais utilizado no mundo para diagnosticar uma recessão.

Mas um indicador, como a palavra deixa claro, apenas indica, sugere, sinaliza --não conta a história inteira.

É preciso considerar também o significado mais amplo de uma recessão: um momento em que, por temores e incertezas, consumidores deixam de consumir, bancos deixam de emprestar, empresários deixam de contratar.

Nesse cenário, o desemprego aumenta, a renda encolhe e a inflação cai --e esse não é, claramente, o caso do Brasil nos últimos meses.

Não se sabe com certeza a origem da regra dos dois trimestres para definir uma recessão; uma das versões é que ela foi defendida pela primeira vez em um artigo publicado em 1974 no jornal "The New York Times".

É mais fácil explicar sua popularidade. O princípio é simples e razoavelmente eficiente: quase sempre há mais desemprego e menos inflação quando a produção diminui por dois trimestres seguidos.

Os sinais eram mais claros na última vez em que o Produto Interno Bruto, medido pelo IBGE, mostrou duas retrações consecutivas, no último trimestre de 2008 e no primeiro de 2009.

Vivia-se o período mais agudo da crise internacional, e o país passou por um brusco colapso do crédito, dos investimentos e das exportações. O impacto no mercado de trabalho foi mais moderado, mas perceptível: a taxa de desemprego subiu de 7,5% para 9% no período.

Na época, a queda da atividade foi muito mais aguda que a do final do ano passado. O índice do Banco Central mostrou encolhimentos trimestrais de 3,7% e 2,7%.

A inflação, que vinha em alta até a piora do cenário global, caiu: foi a última vez, aliás, que o IPCA ficou abaixo da meta de 4,5% ao ano.

TRATAMENTO

Um diagnóstico mais conclusivo de recessão oferece ao menos uma vantagem: é mais fácil prescrever o tratamento a ser aplicado.

O receituário mais consagrado inclui queda de juros e aumento dos gastos do governo, para impulsionar o consumo e o investimento. No caso brasileiro, houve também uma escalada do crédito concedido pelos bancos estatais.

Hoje, a convivência de economia frágil com emprego forte e inflação alta --ainda mal explicada pelos analistas --se reflete nas contradições da política econômica.

O Ministério da Fazenda mantém a elevação de despesas e de crédito subsidiado nos bancos públicos para estimular a economia, enquanto o BC sobe os juros para esfriar o mercado de trabalho e conter a inflação.

Nenhum dos dois tem conseguido o que busca.


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