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PF indicia donos de J&F e Rural por suspeita de fraude financeira

Joesley Batista, Kátia Rabello e mais 15 pessoas foram incluídos no inquérito, que vai à Procuradoria

Polícia diz que houve empréstimos falsos para burlar legislação; grupos envolvidos negam irregularidades

FERNANDA ODILLA DE BRASÍLIA

Três representantes do Banco Rural presos pelo mensalão são, agora, suspeitos de crime contra o sistema financeiro numa transação de R$ 80 milhões envolvendo o grupo J&F, dono do maior frigorífico do mundo --o JBS-- e do Banco Original.

Foram indiciados pela Polícia Federal representantes do Rural condenados pelo mensalão --Kátia Rabello, Vinícius Samarane e José Roberto Salgado, que cumprem pena pelo mensalão--, Joesley Batista, controlador do J&F, e outras 13 pessoas.

Segundo investigadores, eles participaram de uma sequência fraudulenta de operações financeiras e empréstimos bancários arquitetada para tentar burlar a legislação e aumentar o capital do Banco Rural.

O caso foi noticiado ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

As suspeitas da PF serão analisadas pelo Ministério Público Federal. Os grupos envolvidos negam irregularidades (leia texto abaixo).

TROCA DE CHUMBO

A PF diz ter identificado uma prática conhecida como "troca de chumbo". Trata-se de uma triangulação que permite burlar a proibição de que instituições financeiras concedam empréstimos a seus próprios sócios.

Segundo o relatório da PF, ao qual a Folha teve acesso, o Banco Rural fez, no dia 22 de dezembro de 2011, quatro operações de empréstimo no valor total de R$ 80 milhões a duas empresas do grupo de Batista (a holding J&F e a Flora, de higiene e limpeza).

Quatro dias depois, a empresa Trapézio, presidida por Kátia Rabello, recebeu o mesmo montante do Banco Original, que também pertence ao grupo de Batista e, à época, era presidido por Emerson Fernandes Loureiro.

Em seguida, a Trapézio transferiu os R$ 80 milhões para outra instituição controlada pelo Rural, além de ter adquirido ações do banco.

Segundo a PF, o dinheiro do Rural voltou tanto para empresas ligadas a ele quanto para o próprio banco.

Esse tipo de crime pode implicar pena de até seis anos de reclusão.

O RELATÓRIO

A PF afirma que as empresas do grupo de Batista não tinham "nenhum relacionamento bancário com o Banco Rural até a véspera da concessão dos empréstimos".

O J&F, no entanto, afirma manter relacionamento há mais de 20 anos com Rural.

A PF diz ainda que, "de igual forma, a Trapézio não possuía relacionamento anterior com o Banco Original".

"Essa soma de fatores demonstra que o Banco Rural e o Banco Original atuaram de forma conjunta e concatenada no sentido de dar aparência de legalidade às operações financeiras", diz trecho do relatório policial.

No documento, consta ainda trecho do depoimento do supervisor de fiscalização do BC, Leonardo Batista Machado Filho, que atestou ser evidente operação de créditos triangulares entre os bancos.

"Tudo leva a crer que o interesse do Banco Rural, nessa operação, foi a obtenção de recursos pela controladora Trapézio para o aumento do capital do banco", disse.

Segundo Machado Filho, o aumento de capital do Rural foi de R$ 65 milhões.

O Banco Central não comentou o caso.


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