Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Setor de soja pede ao Cade que investigue acordo ALL-Rumo

Produtores temem que ferrovia priorize combustível e açúcar da Cosan e deixe grãos e fertilizantes de lado

Disputa entre clientes deve se agravar até 2015, já que obras relevantes de empresa podem não ficar prontas

DIMMI AMORA DE BRASÍLIA

Os produtores de grãos do Centro-Oeste estão pedindo que órgãos de controle do governo fiscalizem a fusão da ALL com a Rumo, subsidiária da Cosan.

Os fazendeiros temem que a companhia que vai controlar a ferrovia priorize seus produtos, açúcar e combustível, em detrimento de outros itens que são transportados na linha, como grãos e fertilizantes.

Por isso, já entraram com um pedido no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para que o órgão de controle da concorrência investigue a fusão.

Eles pretendem entrar com requisições semelhantes em outros órgãos do Estado.

O diretor-presidente da Cosan, Marcos Lutz, disse ontem a jornalistas que a decisão sobre o transporte caberá à nova companhia, que priorizará a geração de valor para os seus acionistas.

Ele ressaltou ainda que o volume de açúcar da Raízen transportado pela Rumo, de cerca de 2 milhões de toneladas por ano, é pouco relevante se comparado à capacidade total da nova empresa.

CAPACIDADE LIMITADA

A ALL é a única ferrovia que pode transportar grãos da região de Mato Grosso para o porto de Santos (litoral de São Paulo).

Como a capacidade de transporte da empresa está limitada devido à falta de investimentos na linha, não há espaço para levar a carga de todos os clientes que solicitam. Com isso, a companhia vinha escolhendo os clientes mais rentáveis, e a soja, por ser transportada ao longo de uma distância maior, vinha tendo prioridade.

Isso levou a uma disputa da ALL com a Cosan, que reclamava que a empresa ferroviária não estava cumprindo contrato para o transporte do açúcar em São Paulo.

Em 2012, a ALL transportou 10 milhões de toneladas de açúcar e combustível.

De acordo com Edeon Vaz, que coordena o movimento Pró-Logística da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso, o temor dos agricultores é não saber como ficará a situação a partir de agora.

Segundo ele, no ano passado foram transportados 14 milhões de toneladas de soja pela ferrovia e a previsão eram 16 milhões neste ano.

"É um volume do qual não podemos abrir mão", afirmou o dirigente.

DISPUTA

A disputa entre produtores de grãos e de açúcar deverá se agravar nos próximos dois anos, segundo apurou a Folha com analistas do setor.

Isso porque não há perspectiva de que obras importantes da ALL fiquem prontas nesse prazo.

E, sem essas obras, a capacidade de transporte da ferrovia vai ser reduzida.

A principal obra é o Ferroanel de São Paulo, que o governo vem prometendo destravar desde 2011, mas que continua sem solução.

A partir do ano que vem, o governo de São Paulo vai começar a diminuir o espaço para a passagens de trens de carga pelo centro de São Paulo para dar prioridade ao transporte de passageiros.

Sem o Ferroanel pronto, a capacidade de chegar a Santos vai ser muito reduzida.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página