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Mantega faz aparição surpresa em reunião para defender política fiscal

Conversa com economistas havia sido marcada pelo secretário de Política Econômica da Fazenda

Segundo participantes do encontro, ministro demonstrou estar pessoalmente engajado no cumprimento da meta

MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO

Em uma tentativa mais direta de se aproximar do mercado financeiro, o ministro Guido Mantega (Fazenda) reuniu mais de uma dezena de economistas de grandes bancos, corretoras e gestoras de investimentos em seu gabinete em São Paulo, por cerca de duas horas, ontem à tarde.

Não é comum a presença do ministro nessas reuniões e, quando ele aparece, restringe-se a discursos rápidos. Dessa vez, narram seus interlocutores, ouvidos pela Folha, ele buscou mais ouvir opiniões do que falar.

O tema em questão era o almejado aperto fiscal do setor público neste ano. O governo anunciou que pretende economizar o equivalente a 1,9% do PIB em 2014.

Embora recebida como factível por economistas, a meta ainda é alvo de ceticismo por sugerir contenção de despesas em pleno ano eleitoral e em um momento de menor crescimento das receitas com impostos (em razão do menor crescimento econômico).

A reunião foi marcada pelo secretário de Política Econômica, Márcio Holland. Mas o ministro apareceu e guiou as conversas, pegando de surpresa os convidados.

A Folha conversou com quatro participantes da reunião. A interpretação é que Mantega se engajou pessoalmente no cumprimento da meta fiscal. Segundo seus interlocutores, ele também falou que a presidente Dilma Rousseff está comprometida com o objetivo.

"Houve uma inflexão de atitude, uma mudança notória. Ela ainda está no campo do discurso, mas o governo parece empenhado em recuperar a confiança", disse um participante, que pediu que não tivesse o nome revelado.

SECA

O ministro ouviu cada um dos economistas e falou sobre os efeitos da seca nas despesas do governo e no setor energético, sobre a política de reajustes da Petrobras, a crise dos emergentes e o crescimento menor da China.

Mantega afirmou que o governo gastou R$ 20 bilhões em 2013 para mitigar os efeitos da seca, despesa que não era prevista. E ponderou que o setor elétrico sofre com a seca há três anos.

Sobre a Petrobras, ouviu a crítica de que o represamento dos preços da gasolina e de outras tarifas, como transporte e energia, afeta a confiança dos investidores. Isso sugere que, em algum momento, poderá haver uma forte correção.

"Pareceu plausível para os presentes que haverá, com gradualismo, um desrepresamento' tarifário nos próximos meses. Isso ajudaria na recomposição da confiança", disse outro economista.

Mantega disse que teme mais os efeitos no Brasil da desaceleração da China do que o fim dos estímulos nos EUA.

O corpo a corpo com o mercado ocorre poucos dias antes da chegada da equipe da agência de risco S&P ao país. Eles estão avaliando a nota do Brasil. Mais do que fontes do governo, essas agências ouvem a opinião de economistas do mercado.


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