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Vinicius Torres Freire

Brasil x Argentina, na Europa

Dilma diz a empresários que vai dar um jeito nos hermanos a fim de fechar acordo comercial com UE

DILMA ROUSSEFF fez reunião com a cúpula da União Europeia, no fim de semana que passou. A cúpula Brasil-União Europeia era mais um chá entre quase amigos. Logo, não tinha como engripar ou fracassar demais. Mas a coisa até que saiu melhor que a encomenda, até para o governo.

Primeiro, a presidente esteve reunida com grandes empresários brasileiros e jantou sem engasgar com 30 deles. Não houve choro nem ranger de dentes, segundo pelo menos dois dos convivas. Dado o clima predominante nas relações entre governo e empresas desde pelo menos meados do ano passado, o jantar saiu de graça para o governo.

Segundo, a presidente "deixou transparecer" para os empresários que a "Argentina não será um empecilho" para um acordo de livre-comércio com a União Europeia e que os europeus "já estão cientes disso".

Terceiro, pelo menos não houve retrocesso nas conversas com os europeus, que fizeram a gentileza de ameaçar o Brasil com processos na Organização Mundial do Comércio pouco antes da cúpula. Os europeus "levantam dúvidas" sobre políticas de favorecimento às empresas da Zona Franca de Manaus e ao programa de incentivos para a indústria automobilística (Inovar-Auto).

No dia 21 de março, Mercosul e União Europeia encontram-se outra vez a fim de trocar propostas informais de abertura comercial. Entre os obstáculos ao acordo estão a proteção brasileira à indústria automobilística, a ainda mais vexaminosa proteção europeia a seus agricultores e a Argentina.

Brasil, Uruguai e Paraguai querem um acordo "mais rápido" de abertura comercial (quer dizer, uma abertura progressiva, que pode levar década e meia). A Argentina nem apresentou sua proposta. Quer enrolar.

A Argentina está numa confusão pior que a de costume, descumpre à matroca até seus acordos com o Brasil; seu governo administra a economia com canetadas primitivas.

No entanto, Dilma Rousseff não quer que seu governo passe em branco no que diz respeito a acordos comerciais. Além do mais, tem a rara oportunidade de marcar ponto com empresários, num momento igualmente raro em que parte da indústria (CNI) quer mais abertura comercial e, de resto, está de acordo com o pessoal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O pessoal da CNI e da CNA estava alegre e sorridente no jantar com Dilma no domingo, em Bruxelas.

Mercosul e europeus começaram a conversar sobre um acordo em 1999. Trocaram propostas em 2001. As discussões foram para o ralo em 2004, 2005, 2006 e 2007. Nesses anos, a situação econômica dos países daqui do Mercosul estava melhorzinha, embora o bloco econômico continuasse a mixórdia de quase sempre, em especial por causa da Argentina.

Além de não ter moeda ou ordem econômica mínima, os argentinos exportam suas arbitrariedades para o bloco, que as tem tolerado com cara alegre (e até adotado certas delas, como é o caso do Brasil do último triênio).

Em tese, há problemas legais e, em especial, políticos para o Mercosul fechar acordo com a UE sem a anuência argentina. Dilma Rousseff não quer atropelar os vizinhos. A fim de tirar um cachorro desse mato, vai ser preciso mágica. Mas a presidente agora precisa fazer gols no Brasileirão, não apenas na Libertadores.

vinit@uol.com.br


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