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'Nó dos custos' estrangula competitividade do país

Pesquisa com 475 empresas mostra que carestia anula ganho de eficiência

Em 72% dos casos, custos subiram mais que inflação; para 56%, ritmo de alta foi maior que o da produtividade

MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO

Empresários ampliaram investimentos e dizem ter aumentado sua eficiência ao produzir, desde 2008. Mas parte dos ganhos gerados por essa iniciativa está sendo corroída pelo aumento dos custos para produzir.

Esse aumento de despesas --acima do ganho de eficiência-- reduz a capacidade das empresas de competir e limita o seu crescimento.

Sem que as empresas prosperem, é difícil supor que o Brasil voltará a crescer a taxas mais robustas do que os 2,3% alcançados em 2013.

Este é o nó atual da economia brasileira, ressalta Fernanda de Negri, diretora de Estudos da Produção e da Inovação do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada): o consumo vem crescendo a um ritmo superior à capacidade da economia brasileira em abastecê-lo.

Com menor capacidade de competir, as empresas estão perdendo ainda mais mercado para concorrentes estrangeiras, no país e no exterior.

O termo econômico que descreve essa limitação é uma reduzida produtividade, que é a capacidade de se produzir mais com os mesmos insumos e fatores de produção.

Segundo a pesquisadora, elevar a produtividade "contribuiria para ampliar a capacidade da economia em ofertar bens e serviços demandados pela população".

Negri conduziu uma pesquisa com 475 empresas, entre setembro e dezembro do ano passado, a maioria do setor industrial.

A maior parte delas (68%) informou que conseguiu ampliar a eficiência (produtividade) nos últimos cinco anos, apesar da crise global de 2008/2009, da crise europeia (2011) e da moderação do crescimento do país.

Mas um número ainda maior de empresas (72%) informou que os custos subiram, acima da inflação.

Cerca de metade dos respondentes (49%) informou que viu os dois fatores aumentarem juntos. Porém, para a maior parte (56%), os custos subiram mais que a produtividade, ou a igualaram.

O desejável, segundo Negri, seria que os custos subissem menos do que o ganho de eficiência, o que permitiria que as empresas tivessem mais recursos disponíveis para reinvestir e crescer.

As empresas informaram os principais custos que sugam sua capacidade de competir: 90% citaram a carga tributária, e 83%, a complexidade da arrecadação do governo. Em seguida, aparecem os custos de mão de obra e regulação trabalhista (88%) e os custos com insumos, matérias-primas e juros (74%).

Limitar os aumentos salariais não é a saída, na avaliação da pesquisadora. A alternativa, via aumentos mais moderados do salário mínimo, está em debate entre economistas e governo para reduzir os custos das empresas.

"O Brasil é um país desigual e, por isso, é preciso valorizar os salários. Mas, para dar continuidade a esse processo, é preciso aumentar a produtividade."


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