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Vinicius Torres Freire

O baile do passinho da indústria

Desde metade do ano passado, indústria brasileira voltou a dar um passo adiante, dois atrás

A INDÚSTRIA BRASILEIRA dava dois passinhos adiante e um para trás entre meados de 2012 e meados de 2013. Eram apenas passinhos, a indústria subia a ladeira da saída do buraco em que despencara de 2008 a 2009. Mas subia.

Desde junho do ano passado, a indústria dá um passo adiante e dois para trás.

Desde então, o nível da produção voltou a regredir. Ontem, soube-se que a indústria cresceu "excepcionais" 2,9% em janeiro, segundo a pesquisa mensal do IBGE. Foi nada. Não deu para recuperar nem o tombo de 3,7% de dezembro.

A medida mais adequada do desempenho recente, "na ponta", que ajuda a evitar ilusões com os voláteis números mensais, é a média dos últimos três meses. No trimestre encerrado em janeiro, a média foi 0,5%. Negativo. A indústria "deu para trás".

No último ano, ou melhor, no ano encerrado em janeiro, a indústria cresceu 0,5%. Quase nada.

Enfim, a indústria produz hoje mais ou menos o que fabricava em meados de 2008. Vai fazer seis anos, a indústria está no mesmo lugar, dando um passo adiante, outro para trás.

Poderia até ser que o país estivesse passando por uma transformação positiva, uma espécie de desmonte da indústria devido ao fato de que os capitais estivessem se encaminhando para investimentos num setor dinâmico da economia, talvez em serviços, talvez numa GoogleBras. Só que não.

Nossa taxa de investimento caiu nos últimos anos (desde 2010), não há setores novos nem com novo dinamismo. As maiores promessas de novidades de monta, o pré-sal e os biocombustíveis, foram desarranjadas por políticas entre ruins e desastrosas do governo.

LULA, O MÍSTICO

Lula disse em entrevista a um jornal italiano que quer "melhorar a inflação com pleno emprego". Não se sabe muito bem o que o ex-presidente quer dizer com "pleno emprego". Imagina-se que seja um nível de emprego igual ou superior ao atual.

Com o presente nível de emprego e salários, a inflação flutua em torno de 6% ao ano, desconsiderada a carestia reprimida por tabelamentos informais de preços.

Talvez fosse possível manter o presente nível de emprego e "melhorar" a inflação, como quer Lula: evitando o aumento real de salários ou, talvez, os reduzindo.

A solução não parece legal ou politicamente viável. Lula terá então de encontrar o Santo Graal da economia. Tal jornada mística seria irrelevante se Lula fosse um ex-presidente em tempo integral.

Como não o é e como tais ideias parecem em consonância com as da presidente Dilma Rousseff, a procura do cálice sagrado, do milagre econômico de frear uma inflação sem enfrentar custos, tende a ter efeito na política econômica.

Os economistas do governo têm assim uma tarefa mais difícil do que enxugar gelo no verão, pois o gelo a um certo momento derrete todo; pode ser enxuto ou evaporar. Inflações, porém, não derretem na geladeira do pleno emprego com salários inflexíveis.

vinit@uol.com.br


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