Folha de S.Paulo

Vaivém das commodities

Cobrança de pedágio gera conflito na Ceagesp

O novo sistema de circulação de veículos na Ceagesp e a cobrança de pedágio para a entrada no local opõem a administração do entreposto e atacadistas, que ameaçam repassar a alta de custos para os preços dos alimentos.

A cobrança para acessar o entreposto começou ontem. A tarifa para os caminhões de dois eixos começa em R$ 4, para a permanência até quatro horas, e sobe progressivamente até R$ 50 para um período acima de dez horas. Para caminhões de 3 a 6 eixos, o teto é R$ 60 --automóveis têm valores diferenciados.

A avaliação sobre o impacto dessa cobrança no bolso do consumidor varia entre atacadistas e a Ceagesp.

"Há casos em que a despesa mensal com o pedágio poderá chegar a R$ 80 mil para apenas um permissionário", diz José Luiz Batista, presidente do Sincaesp (sindicato dos permissionários em centrais de abastecimento de alimentos de São Paulo).

Ele usa como exemplo o caso de um comerciante que passa dez horas no entreposto todos os dias, com uma despesa diária de R$ 50 e gasto mensal próximo de R$ 1.000. "Se esse comerciante possui uma frota grande de caminhões, terá uma despesa nesse montante. Alguém vai ter de pagar essa conta."

A Ceagesp contesta o número. Segundo estudo do departamento de economia do entreposto, o impacto da tarifa seria inferior a R$ 0,10 por quilo de frutas, verduras e legumes. O estudo apresenta várias simulações, com diferentes valores de tarifas e os preços de diversos produtos praticados em 2013.

Outra reclamação dos atacadistas é a lentidão que o novo modelo de circulação teria provocado no entreposto. "Estamos demorando três vezes mais do que antes da mudança para carregar e descarregar", diz Batista. Segundo ele, atacadistas e carregadores planejam uma paralisação para a próxima semana.

A Ceagesp informou que o sistema ainda não provocou grandes transtornos, mas admitiu que o grande teste será hoje --sexta-feira é um dia de alta frequência no local.

Além de agilizar a movimentação, o sistema também visa aumentar a segurança no local. A tarifa remunera a C3V, que venceu licitação para implementar e administrar o sistema. A Ceagesp fica com 4% do total arrecadado.

Indicação Apoiada por boa parte do setor produtivo, a indicação de Neri Geller (PMDB) para o Ministério da Agricultura teve a intercessão do senador Blairo Maggi (PR), que referendou o nome com a presidente Dilma Rousseff. Geller toma posse na próxima segunda-feira.

Perfil À frente da Secretaria de Política Agrícola desde janeiro de 2013, o gaúcho Geller tem 45 anos, é agricultor e empresário. Já foi vereador em Lucas do Rio Verde (MT) e deputado federal por Mato Grosso. Também esteve na vice-presidência da Aprosoja.

Revisão A perspectiva de uma safra menor de café e de açúcar no Brasil levou os economistas do Itaú Unibanco a aumentar a sua projeção para os preços das duas commodities ao final deste ano.

Café Com um deficit no balanço global do produto, o banco estima o preço de 220 centavos de dólar por libra-peso em dezembro. O valor é 91% maior que o da projeção anterior, de 115 centavos.

Açúcar A mudança na previsão para os preços do açúcar é menos intensa, de 18,40 centavos de dólar por libra-peso para 19,50.

Efeito Ucrânia Além dos grãos, a crise entre Ucrânia e Rússia também pode afetar os preços de metais e de energia. A Rússia é exportadora de petróleo e gás para a Europa e o principal fornecedor global de paládio, lembra o Itaú.

DE OLHO NO PREÇO

Mercado interno

Ouro
(R$/grama)103,2

Café
(R$ por saca)482,0

Chicago

Trigo
(US$ por bushel)6,79

Milho
(US$ por bushel)4,84