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Justiça autoriza venda de obras de Edemar

Trabalhos de Roy Lichtenstein e Joaquín Torres-García hoje no MAC vão a leilão para saldar dívidas do Banco Santos

Telas serão ofertadas em Nova York, a do americano por R$ 3,9 milhões, e a do uruguaio, por R$ 452 mil

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Uma decisão judicial autorizou a venda de duas telas, de Roy Lichtenstein e Joaquín Torres-García, que pertenciam à coleção do banqueiro Edemar Cid Ferreira. As telas estão sob a guarda do Museu de Arte Contemporânea da USP junto de outras peças confiscadas após a quebra do Banco Santos há dez anos.

São obras de dois mestres do século 20. Uma delas é "Modern Painting With Yellow Interweave", tela do americano Lichtenstein (1923-1997), uma das figuras centrais da arte pop, e a outra é "Figures Dans Une Structure", do artista uruguaio Torres-García (1874-1949), crucial para o surgimento da arte concretista no continente.

Ambas estão expostas no MAC e deverão ser leiloadas na Sotheby's em Nova York, em data indefinida, para saldar dívidas do Banco Santos, de cerca de R$ 2,2 bilhões.

De acordo com a decisão de fevereiro, que só veio a público ontem, o preço médio para a venda da tela de Lichtenstein será de R$ 3,9 milhões, enquanto a tela de Torres-García parte de R$ 452 mil.

Credores do banco vêm pressionando a Justiça para localizar e vender as obras de Cid Ferreira ainda não encontradas para que sejam leiloadas, conforme a Folha noticiou em novembro passado.

No caso das duas telas do MAC, o Instituto Brasileiro de Museus, órgão do Ministério da Cultura, já manifestou à Justiça o desejo de ter preferência na compra dos quadros, ou seja, está disposto a cobrir o valor que essas telas atingirem em leilão.

A decisão do juiz Caio Marcelo Mendes de Oliveira, da 2ª Vara de Falência e Recuperações Judiciais, vai contra o desejo do governo federal de manter obras dessa importância no país, em especial depois de elas já estarem expostas em museus públicos.

Desde 2005, as 12 mil obras da coleção de Cid Ferreira estão sob a guarda de instituições públicas no país, mas uma parte delas, cerca de 800 peças, ainda está na antiga residência do banqueiro.

Essas duas telas em questão haviam sido vendidas para colecionadores estrangeiros e só foram repatriadas em 2010, depois de uma extensa investigação policial envolvendo o FBI, a polícia federal norte-americana, e a Interpol.

Edemar Cid Ferreira disse à Folha que vendeu as telas antes da quebra do Banco Santos. A Justiça dos EUA, onde as obras foram encontradas, disse, no entanto, que a venda das peças era ilegal porque ocorreu depois da falência do banco, foram compradas com dinheiro desviado da empresa e entraram no país com documentos falsos.

Enquanto as 12 mil obras do banqueiro permanecem protegidas por uma liminar na Justiça, que impede que sejam vendidas até que o caso seja julgado em última instância, essas duas telas poderão ir a leilão agora porque não estavam no acervo na época da apreensão.

Segundo Tadeu Chiarelli, diretor do MAC, um representante da massa falida do banco e um agente da casa de leilões Sotheby's estiveram no MAC avaliando as telas.

"Esse é um motivo de muita preocupação e de consternação para o museu", diz Chiarelli. "Essas obras são muito significativas. Será uma tristeza pedir desculpas porque elas foram vendidas."


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