Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Estoques de veículos alcançam nível mais elevado desde 2008

Vendas caem 2,1% no primeiro trimestre, pior resultado em quatro anos; exportações encolhem 32% no período

Empresas já cortam as jornadas de trabalho, dão férias coletivas aos funcionários e fazem paradas nas fábricas

GABRIEL BALDOCCHI DE SÃO PAULO

Em meio a um cenário de alta nos preços e nos juros, crédito restrito e piora no mercado exterior, a queda nas vendas de veículos levou as montadoras a acumular estoques considerados preocupantes no primeiro trimestre, sinalizando mais um ano tímido para o setor.

As empresas tentam se ajustar ao ritmo mais lento do mercado com diminuições nas jornadas de trabalho, férias coletivas aos funcionários e paradas nas fábricas.

No final de março, os pátios das montadoras e concessionárias contavam um excedente de 387 mil unidades, equivalente a 48 dias de vendas, o maior nível desde novembro de 2008.

Os estoques refletem a retração de 2,1% nas vendas nos três primeiros meses --o resultado (812,7 mil unidades) foi o menor em quatro anos-- e a queda de 32% nas exportações no período.

Enquanto no mercado interno a demanda é afetada por avanço na taxa de juros, repasse da recomposição do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e dificuldades na liberação do crédito aos caminhões, as barreiras argentinas afetam as vendas ao exterior.

O presidente da Anfavea (associação das montadoras), Luiz Moan, admite dificuldades no futuro e mostra preocupação com os estoques.

"Temos claramente que buscar uma redução nos próximos meses", afirma.

Em 2012, o volume parado nos pátios foi usado como argumento para o setor negociar a redução do IPI com o governo. Na ocasião, os estoques eram de 45 dias. O benefício vem sendo parcialmente prorrogado desde então e será retirado por inteiro em julho, quando volta a 7%.

Moan descarta uma nova prorrogação. "O recado que recebemos do governo foi muito forte, o de que haveria recomposição do IPI."

O esforço para reduzir os estoques já foi iniciado nas linhas de montagem. A produção terminou o trimestre com uma queda de 8,4%, em 789,8 mil unidades.

Ao menos três montadoras de caminhões adotaram suspensão das atividades nas fábricas. A Mercedes-Benz comunicou aos funcionários que abrirá um PDV (Programa de Demissão Voluntária) para reduzir um excedente de 2.000 pessoas na fábrica de São Bernardo do Campo (SP).

Volkswagen, Peugeot e GM também adotaram medidas --entres férias e suspensão--nas linhas de montagem de carros de passeio.

A Anfavea manteve a previsão anterior de crescimento de pouco mais de 1% no ano, tanto para vendas como para produção, mas admite um "viés de baixa".

Entre as esperanças, estão a retomada do leasing, para driblar a restrição do crédito e ações de marketing dos bancos e montadoras, como o feirão da Caixa, que vai oferecer crédito pré-aprovado a 4.000 correntistas na próxima semana.

PREOCUPANTE

"O cenário que se desenha nos próximos meses é ainda preocupante. Acho que vai ter um ajuste bem forte na produção daqui para a frente", diz Rodrigo Baggi, analista da Tendências. A consultoria revisou a projeção, de alta de 3%, para estabilidade.

No ano passado, as vendas caíram pela primeira vez em dez anos, e a produção só avançou graças à contribuição das exportações, impulsionadas pelas compras da Argentina, responsável por 80% das vendas externas das montadoras do Brasil.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página