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Vaivém das commodities
MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br
Produção se recupera na Argentina, e país poderá dobrar exportação de trigo
Se o governo Kirchner permitir, a Argentina deverá dobrar as exportações de trigo na próxima safra, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
A notícia é importante para o Brasil, principal importador do cereal argentino, que sofreu no ano passado com as restrições da Casa Rosada aos embarques.
Em um ano de forte pressão sobre a inflação de alimentos, excesso de oferta de trigo é uma boa notícia para o país, que importa pelo menos metade do que consome.
A Argentina deve passar por um ano de recuperação na produção de trigo. A colheita deve alcançar 12 milhões de toneladas na temporada 2014/15, um crescimento de 14% ante a anterior.
O retorno ao trigo do produtor, que nos últimos anos optou por culturas menos presentes no radar do governo, como a cevada, será o responsável por esse avanço.
A área plantada com o cereal deve crescer 20%, para 4,2 milhões de hectares, mas ainda longe dos 6 milhões de hectares habituais no país. O estímulo parte dos bons preços praticados em 2013.
Com o consumo interno estimado em 6 milhões de toneladas pelo Usda, as exportações podem atingir outros 6 milhões de toneladas, o maior volume em três anos.
O quanto efetivamente será exportado, porém, dependerá do volume que será autorizado pelo governo para o envio a outros países --a maior parte deve ir ao Brasil.
Mesmo com a produção maior na próxima safra, também resultado de um aumento de 14% na área, os moinhos brasileiros continuarão recorrendo aos vizinhos. Segundo a Conab, as importações somarão 5,75 milhões de toneladas na próxima safra.
Nas máximas O preço do suco de laranja atingiu o maior valor em dois anos na Bolsa de Nova York, ontem, cotado a US$ 1,65 por libra-peso. Estimativas de menor safra na Flórida, segundo maior produtor mundial, influenciam os negócios. Na semana, o suco subiu 7,2%.
Mercado fraco O boi gordo voltou a cair ontem em São Paulo, refletindo a menor demanda dos frigoríficos. A arroba fechou a R$ 124, segundo a Informa Economics FNP. Em abril, o preço do boi já acumula queda de 3%.
Motivo Os preços da carne bovina no atacado começam a recuar, devido ao consumo mais enfraquecido. A proximidade do feriado prolongado da Páscoa também diminui o apetite das indústrias pela matéria-prima.
Oferta Os pecuaristas, por sua vez, ampliam a oferta de boi, pois temem que os preços caiam ainda mais nas próximas semanas. Neste ano, a arroba ainda acumula alta de 6,9%. Nos últimos 12 meses, a valorização chega a 29%, segundo a Informa.
Com início da moagem de cana, etanol cai em SP
Com o início da safra de cana neste mês, o preço do etanol começa a cair nos postos de São Paulo. Nesta semana, o litro caiu 1% na bomba, segundo pesquisa da Folha.
A redução, ainda modesta, é consequência dos preços praticados nas usinas. Na semana passada, o hidratado recuou 6% na indústria, segundo pesquisa do Cepea.
Nos últimos dias, porém, a demanda das distribuidoras aumentou devido à proximidade da Páscoa, quando se espera alta no consumo, diz Miriam Bacchi, do Cepea.
Com isso, a trajetória de queda foi interrompida nas usinas: o hidratado teve leve alta de 0,2% nesta semana.