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"Classe média frágil" vira maioria da população global

Crescimento mundial elevou a 40% a fatia dos que estão na fronteira da classe média, mas cresce o risco de que eles voltem a cair

DO "FINANCIAL TIMES"

A fatia de pessoas agrupadas na estreita faixa logo acima da linha da pobreza cresceu exponencialmente nos últimos 30 anos e se tornou a maior do planeta, mostra análise feita a partir de dados do Banco Mundial, sobre 122 países em desenvolvimento.

São pelo menos 3 bilhões de pessoas que hoje sobrevivem com entre US$ 2 e US$ 10 ao dia, o equivalente a 40% da população da Terra.

Em 1981, a fatia era de 20% das pessoas --930 milhões.

"A humanidade é composta por mais pessoas desse grupo do que de qualquer outro", diz Homi Kharas, economista da organização de pesquisa Brookings Institution e um dos maiores especialistas mundiais na ascensão da classe média em mercados emergentes.

Colocado no contexto mundial, o número de pessoas que se tornaram parte da classe média sólida continua pequeno, enquanto o da média frágil teve sua alta acelerada.

Em 2010, o ano mais recente sobre o qual existem dados disponíveis, havia nos países em desenvolvimento 2,4 bilhões de pessoas vivendo com menos de US$ 2 ao dia e apenas 662 milhões delas com renda diária superior a US$ 10 ao dia, de acordo com a análise do "Financial Times".

FIM DO CRESCIMENTO

A fragilidade desse grupo fica ainda mais grave porque o grande surto de crescimento dos mercados emergentes nos últimos 30 anos parece estar chegando ao fim.

Em estudo apresentado neste mês, economistas do Banco Mundial afirmavam que "o crescimento dos países em desenvolvimento pode ficar entre 2% e 2,5% mais baixo do que vinha sendo no período anterior à crise".

De acordo com Kaushik Basu, economista-chefe do Banco Mundial, mesmo que os países em desenvolvimento continuassem a apresentar o crescimento acima da norma dos últimos 20 anos, seria improvável que o banco realizasse seu objetivo de eliminar a pobreza extrema do planeta até 2030.

Mais preocupante é a possibilidade de que um período prolongado de crescimento lento venha a erodir os ganhos das últimas décadas. Até que ponto as pessoas que saíram da pobreza estariam vulneráveis a cair de volta?

"Essa é uma questão muito boa", diz Basu. "E em minha opinião elas ainda estão muito vulneráveis."

BRASIL

Alguns economistas especialistas em desenvolvimento argumentam que a melhora nas redes de seguridade social em países como o Brasil garantem que as pessoas que saíram da pobreza têm menos probabilidade de retornar a ela. Mas essas redes de proteção têm muitos buracos.

No Brasil, onde a economia passa por um período de crescimento lento e alta na inflação, a média frágil está cada vez mais inquieta, como mostram os tumultos de 2013.

Os líderes da China enfrentam uma ameaça existencial: precisam manter a média frágil do país satisfeita ao mesmo tempo em que reequilibram sua economia.

Recentes anúncios das autoridades de Pequim tiveram por foco a habitação por preço acessível, concessão de maior número de licenças de moradia e uma melhor infraestrutura de transporte.

Basu está cauteloso diante dos riscos que poderiam reverter anos de progresso: a desaceleração na economia chinesa, novas tecnologias como robôs e impressoras 3D e um mundo no qual os salários representam parcela menor do PIB.

O mundo está em um ponto de inflexão, ele diz.

"Mas é um momento muito estranho, porque os grandes desafios subjacentes não são os desafios mais visíveis."


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