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Alimentos sustentam a pressão sobre a inflação
Grupo subiu, em média, 1,84% e correspondeu a 58% da alta do IPCA-15
Índice ficou em 0,78%, abaixo do fechado de abril, por causa da queda de transportes e despesas pessoais
Após o susto do IPCA fechado de março (0,92%), que ficou na maior taxa para o mês desde 2003, a inflação deu sinais de arrefecimentos.
A prévia do índice oficial do país de abril, medida pelo IPCA-15, registrou uma alta mais moderada, de 0,78%.
Os índices usam a mesma metodologia --no IPCA-15, o período de coleta se encerra em meados do mês.
O índice de abril ainda é elevado e superior ao registrado em março, quando o IPCA-15 havia sido de 0,73%. De janeiro a abril, houve alta de 2,91%, acima dos 2.58% do mesmo período de 2013.
Já no acumulado em 12 meses, a inflação bateu em 6,19%, acima dos 5,90% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. A taxa está próxima do teto da meta do governo para o ano --de 6,5%. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE.
Assim como no IPCA fechado de março, o grande vilão, mais uma vez, foi o grupo alimentação, cujos preços subiram, em média, 1,84% e superaram a taxa de 1,11% de março. Sozinho, o grupo correspondeu a 58% da variação do IPCA-15 de abril.
Os alimentos sobem na esteira do clima desfavorável, com estiagem nas principais regiões do país. Além disso, importantes produtos como trigo e soja sobem no mercado internacional e pressionam o preço de rações animais. Nesse cenário, aumentaram os preços de importantes itens como carnes, batata, leite e tomate.
O IPCA-15 cedeu em relação ao IPCA fechado de março, por seu turno, por causa da menor pressão do grupo transporte, cuja alta perdeu força de 1,22% em março para 0,54% em abril.
Além de transportes, que perdeu força com passagens aéreas (1,79%) e o fim do impacto do reajuste dos ônibus no Rio, subiram menos os grupos de despesas pessoais e artigos de residência.
ACELERAÇÃO À FRENTE
O resultado do IPCA-15 ficou abaixo do previsto pelo mercado ""0,85% na média dos principais bancos e consultorias. Para o IPCA fechado de abril, porém, a previsão é que volte a acelerar.
É que devem gerar impacto no índice os reajustes de energia elétrica em Belo Horizonte, Fortaleza e Porto Alegre ""cujas tarifas já aumentaram mais em razão do gasto extra com o acionamento das térmicas diante da escassez dos reservatórios da hidrelétricas e a compra de energia no mercado livre, sem contrato de longo prazo.
Analistas ainda avistam uma inflação pressionada e não veem um fim, ao menos no IPCA de abril, do choque dos preços dos alimentos, embora as altas tendam a perder força. Nesse cenário, o Itaú prevê 0,80%.
Para a Rosenberg & Associados, o dado de abril do IPCA-15 reduz a "chance" de a inflação de abril ficar acima de 6,5% em 12 meses, ou seja, estourar o teto da meta.
"Em maio, todavia, ainda mais com os efeitos dos aumentos de jogos de azar [loterias], com certeza ultrapassaremos o teto da meta de inflação."