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Luiz Carlos Mendonça de Barros

Como seria um segundo governo Dilma

Se Dilma vencer, terá de dar sinais mais fortes de que fará mudanças para retomar as rédeas da economia

Como seria um segundo mandato da presidente Dilma? Essa é a questão central entre os analistas econômicos nestes últimos dias.

Será um governo diferente do primeiro mandato, com uma atitude mais amigável com os mercados, seguindo mais de perto a experiência exitosa de seu antecessor? Ou, pelo contrário, livre da armadilha da reeleição, a presidente aproveitará seus últimos quatro anos no poder para radicalizar sua visão de como governar uma sociedade injusta e desigual como a nossa?

Vai mudar ou não vai mudar é a pergunta mais comum nos chats em que se comunicam os operadores do mercado financeiro de hoje.

Enquanto não se chega a uma resposta mais consistente para essa dúvida, a economia brasileira entra em um compasso de espera. A possibilidade de haver restrição energética, ainda neste ano, agrava esse quadro de apatia, pelos altos riscos que o cenário representa.

Os empresários guardam para o futuro as decisões relativas a projetos de expansão, que é a chave para recolocar a economia em ritmo de maior crescimento nos próximos anos. Sem ela, dificilmente sairemos da armadilha atual, caracterizada pelo descompasso entre oferta de bens e serviços e a demanda que há na sociedade. Não é, hoje, mais possível crescer aproveitando-se da capacidade ociosa em setores críticos da economia, como aconteceu nos anos de ouro do governo Lula.

Nos próximos anos teremos uma conjuntura que mudou 180 graus em relação à década anterior, com o aparecimento de gargalos ma- cro e microeconômicos em todo o tecido econômico. Os principais foram o deficit em conta-corrente de mais de 3% do PIB, o teto do endividamento dos consumidores e o desemprego muito baixo pressionando salários.

A tentativa de reativar a economia pelo consumo, em um ambiente de falta de confiança do empresário, gerou, como era esperado, uma aceleração da inflação. O governo foi levado a implantar medidas artificiais de controle de preço que, ao criar desequilíbrios econômicos e financeiros em elos importantes do tecido produtivo, aumentaram ainda mais a falta de confiança dos empresários no governo.

Mais recentemente o Palácio do Planalto ajustou sua política econômica, com o aumento dos juros promovido pelo Banco Central e uma mudança de direção na política fiscal para 2015. É o que mostra a LDO encaminhada ao Congresso Nacional nesta semana.

Anteriormente havia enviado um sinal de paz aos mercados ao acelerar --com sucesso-- as privatizações das rodovias federais e de alguns aeroportos.

Finalmente, nos últimos dias mandou um recado por intermédio de uma jornalista do "Valor Econômico", vista como tendo uma relação preferencial com a presidente, de que afastaria em um segundo mandato o secretário do Tesouro, que é um elemento simbólico para os mercados financeiros.

Mesmo assim, em razão do clima de desconfiança criado nos primeiros anos de seu governo, esses movimentos não foram ainda suficientes para convencer os setores do capital de que as coisas mudarão a partir de 2015, se Dilma for reeleita.

A recuperação dos preços de alguns ativos importantes, como o índice Bovespa e as ações da Petrobras e da Eletrobras, está associada a uma reprecificação das chances da oposição de vencer as eleições presidenciais neste ano. Por isso, os resultados das próximas pesquisas eleitorais confirmarão ou não esse cenário menos pessimista que estamos vivendo hoje.

Mas, se Dilma vencer as eleições, precisará dar sinais muito mais fortes de que fará mudanças para tentar retomar as rédeas da economia.

Se decidir trilhar o mesmo caminho de Lula, terá de promover uma correção dos preços defasados --como combustíveis e energia elétrica-- e assumir um compromisso muito firme de manutenção da política fiscal voltada para a execução de um superavit primário crível e capaz de convencer os investidores sobre a estabilidade da dívida pública federal no futuro.

Finalmente, precisará compor uma equipe econômica vista como sólida em seus princípios e com mandato claro para executar uma política que trate de frente os problemas que vivemos hoje.

lcmb2@terra.com.br


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