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Sem indústria, cidade mineira vive caos

Desativação da Votorantim Metais, em setembro, fez quase 10% da população de Fortaleza de Minas (MG) ser demitida

Arrecadação de impostos foi comprometida na cidade, que tem 4.300 moradores; empresa diz que pausa é temporária

JOÃO ALBERTO PEDRINI ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA DE MINAS (MG)

Com sua atividade econômica completamente dependente da mineração, Fortaleza de Minas (MG) vive um caos financeiro em 2014.

A desativação da Votorantim Metais, em setembro do ano passado, fez os gestores municipais cortarem gastos, demitirem servidores e decretarem estado de emergência.

A empresa anunciou em 2013 a suspensão temporária na sua unidade de extração de níquel na cidade mineira.

A arrecadação de tributos gerada pela atividade da empresa, a principal da cidade, tem caído ao longo dos anos.

Os cerca de 4.300 habitantes já sentiram os efeitos, mas devem se preparar porque o pior ainda está por vir, de acordo com a prefeita Neli Leão do Prado (PSC).

Segundo a prefeitura, a arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) caiu 16% de 2012 para 2013. Foi de R$ 3,13 milhões para R$ 2,61 milhões. A projeção para este ano é que fique entre R$ 1,9 milhão e R$ 2,2 milhões.

O ISS (Imposto Sobre Serviços) também sofreu queda, de 13,6%: de R$ 1,11 milhão em 2012 para R$ 963 mil no ano passado. A projeção para este ano é que fique entre R$ 260 mil e R$ 300 mil.

A prefeita diz que a diminuição das receitas a obrigou a decretar estado de emergência em agosto de 2013 e a cortar gastos. A redução nas despesas atingiu nos últimos meses, inclusive, as áreas prioritárias: educação e saúde.

Entre as medidas, está a suspensão de parte do transporte gratuito para estudantes cursarem o ensino superior.

Na saúde, o município deixou de fornecer alguns remédios à população.

"Minha situação está crítica. Sem o imposto, perdemos muito. Os jovens estão indo embora. O comércio também sofre", disse a prefeita.

O chefe do setor de Fazenda, José Balduino da Silva Júnior, disse que hoje a folha de pagamento da prefeitura é de R$ 650 mil, mas que esse valor deve ser reduzido para cerca de R$ 430 mil. Isso quer dizer que ao menos 50 funcionários devem ser demitidos.

O município já enviou para o sindicato um projeto que prevê instituir um plano de demissão voluntária.

As reservas de níquel da cidade passaram a ser exploradas em 1986 por uma multinacional inglesa, tornando-se a maior e principal indústria. Em 2003, a unidade foi vendida à Votorantim.

Os efeitos da crise com as demissões da Votorantim são sentidos na cidade. Cícero Melo, 46, dono de um restaurante no centro, disse que já chegou a servir cerca de 140 refeições por dia, mas que hoje vende por volta de 20.

"Acabou a indústria, acabou a cidade", resumiu.

Em janeiro, a Votorantim Metais firmou um acordo com o Ministério Público do Trabalho de Pouso Alegre (MG) para regularizar as demissões. Segundo a prefeitura e o sindicato, cerca de 400 funcionários foram demitidos.

A empresa terá ainda que pagar R$ 350 mil ao município como compensação pelos prejuízos causados à cidade.

Em nota, a Votorantim Metais informou que suspendeu temporariamente as atividades de produção de níquel por causa da perda de competitividade por oscilação nos preços, taxas cambiais e política tributária desfavorável.


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