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Especialistas defendem ação já para economizar luz

Medidas de contenção urgentes são defendidas por 17 de 19 consultados

JÚLIA BORBA DE BRASÍLIA JOANA CUNHA DE SÃO PAULO LUCAS VETTORAZZO SAMANTHA LIMA DO RIO

O comemorado sucesso no leilão de energia realizado ontem apenas evita que as tarifas subam ainda mais, mas não amaina o risco de falta de eletricidade neste ano.

Por isso, são necessárias ações claras para reduzir o consumo de eletricidade, afirmam 19 especialistas do setor ouvidos pela Folha.

Para 17 deles, não há dúvidas sobre a necessidade urgente de medidas.

Entre as sugestões estão medidas de incentivo a quem economizar eletricidade, inclusive com bônus financeiro, racionamento progressivo --começando com planos para cortes voluntários da ordem de 10% e adotando reduções impositivas se necessário-- e campanhas públicas de esclarecimento.

A adoção de tarifas mais altas, como forma de desincentivar o consumo, também foi sugerida por pesquisadores e entidades do setor.

Dois dos especialistas foram menos enfáticos em relação a ações imediatas.

Marcelo Parodi, sócio da comercializadora Compass, se diz otimista com a possibilidade de o clima ajudar a recuperar reservatórios. E Cristopher Vlavianos, presidente da comercializadora Comerc, considera o racionamento politicamente inviável.

Os reservatórios das regiões Sudeste/Centro-Oeste, que concentram 70% da geração hidrelétrica, fecharam o mês de março com apenas um terço de sua capacidade.

O governo diz que o risco de racionamento é baixo e nega a necessidade de medidas de contenção do consumo.

LUIZ PINGUELLI ROSA
Professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ex-presidente da Eletrobras

"Eu acho que é preciso haver uma racionalização do consumo. Atuar não só pelo lado da oferta, já que as térmicas estão ligadas, a chuva já choveu, inclusive já passou o período chuvoso."

"O governo devia fazer uma política de redução do consumo, ainda que não impositiva. Que seja por estímulos, como oferecer desconto para quem consumir menos, para a troca de lâmpadas econômicas, como a LED, ou diminuir a temperatura do ar condicionado, que não precisa ficar em temperaturas tão baixas como se usa."

"Em 2001 houve racionamento, um modelo punitivo, mas isso não concordo. Principalmente para famílias é muito ruim. Já pensou apagar uma casa com crianças e velhos? Sou contra."

REGINALDO MEDEIROS
Presidente-executivo da Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia)

"No curto prazo, a solução é usar a energia de forma racional com informações ao consumidor. É possível reduzir o consumo à metade só com conscientização."

"Por exemplo, o consumidor desperdiça muito com equipamentos em "stand-by". Se todos tomassem a decisão de desligar os equipamentos, o consumo cairia. Outra opção seria colocar novas térmicas no mercado e importar combustível."

NIVALDE DE CASTRO
coordenador do Gesel/UFRJ (Grupo de Estudos do Setor Elétrico)

"Não acredito que, como o governo sugere, teremos uma situação tranquila se chegarmos em novembro com reservatórios com nível de 15%."

"Seria muito conveniente um programa de redução de consumo de energia, com medidas de incentivo a quem economizar."

"Esse programa, inclusive, poderia ser posto em prática diretamente pelas distribuidoras, até para tirar um pouco essa avaliação política do debate."

ELBIA MELO
presidente-executiva da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica)

"O estado atual do setor elétrico é de alerta."

"O período úmido terminou ontem e agora o governo vai fazer uma avaliação e depois adotar uma medida. É bem possível que a partir da semana que vem o governo venha trazer o exato diagnóstico de como está o setor e alguma medida, caso considere necessário."
"A minha visão é que, se constatar a grave situação, a saída seria buscar racionamento, pedindo à população que voluntariamente reduza o consumo para que possamos passar o ano sem apagão. E geralmente a população adere a esse tipo de política. Campanha é a maneira mais eficaz."

REINALDO CASTRO SOUZA
professor do departamento de Engenharia Elétrica do Centro Técnico Científico da PUC-Rio

"A situação [do sistema elétrico] é de fato crítica, já que os reservatórios estão um pouco acima do registrado antes do racionamento de 2001 e a demanda é atualmente 60% maior que o período."

"A partir de maio poderia se fazer uma espécie de racionamento brando, com incentivo à redução do consumo de 5% a 10%. Caso ocorressem chuvas, isso poderia ser abolido e os reservatórios já teriam sido poupados."

"Caso a situação se agravasse, a população já estaria fazendo a sua parte e não se surpreenderia com a necessidade de um racionamento mais forte."

ANA LÚCIA MIRANDA LOPES
coordenadora do Núcleo de Pesquisas em Eficiência, Sustentabilidade e Produtividade e professora da UFMG

"Tendo a concordar que existe, sim, uma necessidade premente de alertar a população dos riscos e dos custos de uma demanda por energia que não pode ser, por muito tempo mais, atendida pela oferta."

"O calendário eleitoral não deve, de maneira alguma, interferir nas decisões para o setor elétrico."

"Estudos apontam uma necessidade urgente de redução de demanda."

MARCELO PARODI
sócio da comercializadora Compass

"Talvez seja interessante, no máximo, alguma campanha de conscientização para evitar o desperdício. Não estamos tão pessimistas."

"Se chover abaixo da média histórica no Sudeste e na média em outras regiões, dá para chegar ao fim de novembro com um nível de reservatórios que não vai ser fácil, mas passa."

"E os especialistas estão prevendo um fenômeno El Niño que pode ajudar a elevar o volume de chuva."

"Além disso, os grandes consumidores já começam a reagir em razão dos preços altos com um consumo menos expressivo, o que ajuda a passar sem racionamento."


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