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Alta de juros traz entrada recorde de estrangeiros em renda fixa

Foram US$ 11,6 bi de investimentos no primeiro trimestre, maior volume para esse período

Fluxo de capitais, porém, pode ser volátil, porque não há melhor percepção da economia, afirmam analistas

ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO

A alta de juros no Brasil nos últimos meses levou o país a voltar a atrair forte ingresso de capital estrangeiro.

No primeiro trimestre deste ano, os recursos de fora investidos em renda fixa (principalmente títulos do Tesouro Nacional) somaram US$ 11,6 bilhões, um recorde para esse período.

É também o segundo maior montante já registrado para um trimestre, perdendo apenas para o período entre julho e setembro de 2013.

Essa entrada de dinheiro foi fundamental para ajudar a cobrir o maior rombo nas transações correntes do país com o exterior, que somou US$ 25,2 bilhões no primeiro trimestre. A conta inclui o saldo negativo de exportações menos importações.

No entanto, analistas ressaltam que, como esse fluxo de capitais não tem sido atraído por uma melhor percepção das perspectivas da economia, pode ser volátil.

Os investimentos estrangeiros em ações, que costumam refletir apostas no vigor econômico de um país, somaram apenas US$ 319 milhões no primeiro trimestre deste ano, ante US$ 7,1 bilhões no mesmo período de 2013.

RISCOS

Os recursos que têm sido aplicados em renda fixa ajudam a tapar o buraco das contas externas, mas contribuem para que o governo ganhe tempo e, com isso, adie a adoção de medidas para corrigir o desequilíbrio das contas externas, como uma redução dos gastos públicos.

Além disso, podem sair do país a qualquer momento, forçando um ajuste econômico custoso.

"Essa entrada mais forte tem muito pouco a ver com melhora de fundamentos do Brasil. A economia do país continua muito fraca", diz Marco Freire, diretor de investimentos em renda fixa da Franklin Templeton, uma das maiores gestoras de recursos.

Segundo Freire, o crescimento no fluxo de capitais estrangeiros para investimentos em renda fixa no Brasil é explicado principalmente pelo ambiente internacional.

Depois de sinais de recuperação mais contundente, a economia americana voltou a fraquejar no primeiro trimestre deste ano.

Com isso, a expectativa de que os juros no país subam continua em suspenso.

Na Europa, apesar de sinais mais auspiciosos de retomada econômica, a inflação permanece muito baixa. Isso também pode contribuir para um cenário mais prolongado de juros baixos.

E, no Japão, existe o risco de que o banco central opte por aumentar ainda mais seu enorme programa de injeção de recursos na economia.

"Nesse cenário global de muita liquidez, os investidores ficam desesperados por retornos maiores. E o Brasil oferece retornos enormes", afirma Freire.

O economista André Perfeito ressalta que, entre as economias com moedas mais importantes e negociadas, a brasileira é a que, de longe, oferece maior retorno.

O investidor estrangeiro que aplicou em juros no Brasil teve um ganho de 9,35% nos últimos 12 meses.

A taxa é quase três vezes maior que os 3,28% de ganho para quem investiu na moeda sul-africana (o rand).

"Esse é o apelo muito forte em relação ao Brasil", diz Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.


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