Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Obra falha e navio sai de Santos meio vazio

Dragagem custou R$ 190 mi, mas não aprofundou leito do canal, o que impede carregamento total das embarcações

Segundo Centro Nacional de Navegação, porto está deixando de transportar 30% do fluxo de contêineres

DIMMI AMORA DE BRASÍLIA

Uma obra de quase R$ 190 milhões para aumentar a profundidade dos canais de acesso ao porto de Santos não alcançou seu objetivo e tem obrigado navios a sair sem carregar toda sua carga.

O projeto, iniciado em 2009, era ampliar para 15 metros o chamado calado (distância entre o solo submarino e a superfície do mar) dos acessos aos terminais portuários. Com isso, navios maiores poderiam usar o porto e os navios atuais poderiam sair com mais carga.

Até então, a profundidade média do porto era de 11,2 metros e era possível utilizar até 12,2 metros nos momentos de pico da maré alta.

Ao longo de quatro anos, um consórcio de empresas chamado Draga Brasil trabalhou no local e recebeu quase R$ 188 milhões. Ao fim do trabalho, em 2012, o calado estava apenas em 12,4 metros nos pontos mais profundos.

Nos momentos de maré alta, o que ocorre duas horas por dia, os navios podem usar mais um metro de calado.

Mas há outros problemas na dragagem.

Ricardo Falcão, presidente do Conselho Nacional de Praticagem, órgão que reúne os profissionais que conduzem os navios até o porto, aponta que, por uma falha de projeto, o canal ficou mais estreito, o que dificulta ainda mais a manobra dos navios.

"Tiraram cem metros de largura em alguns trechos", afirma Falcão.

Os navios mais prejudicados são os de contêineres.

Nesse tipo de navio, cada centímetro a menos de calado significa em média menos 6 a 8 contêineres transportados. Em um metro, são na média 700 contêineres.

PERDA DE R$ 35 BILHÕES

Diretor-executivo do Centronave (Centro Nacional de Navegação), Cláudio Loureiro de Souza afirmou que as empresas haviam reprogramado seus navios para o país, escalando embarcações maiores, com a expectativa de que o calado de 15 metros fosse alcançado.

Mas, por causa das restrições, Souza diz que o porto deixa de transportar por ano 500 mil contêineres de 20 pés.

É quase 30% do que Santos --o maior porto brasileiro, com 25% do comércio exterior do país-- transportou no ano passado.

"É uma tragédia para o país", disse Souza, lembrando que a restrição eleva custos para as empresas importadoras e exportadoras.

Cada contêiner traz ou leva nele cargas que, em média, custam R$ 70 mil. São R$ 35 bilhões que deixam de ser transportados por ano.

Com as restrições, as empresas têm duas opções. A primeira, mais usada, é sair com menos carga que a capacidade. Assim, o navio fica mais leve e não corre o risco de encalhar.

Outra solução é esperar pelo pico da maré para usar toda a capacidade do canal. Mas, como isso só ocorre duas horas por dia, um navio pode perder até 40 horas nas manobras de entrada e saída. É o dobro do tempo médio para carregar o navio.

Para um especialista no setor, a dragagem de Santos precisa ser pensada como um processo permanente, já que há uma tendência natural ao assoreamento.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página