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IBGE recua e retoma pesquisa de emprego

Divulgação de levantamento nacional havia sido suspensa, criando maior crise institucional do órgão, com saída de diretoras

Presidente da entidade diz que seria 'bobagem' afirmar que repercussão negativa não influenciou decisão

PEDRO SOARES DO RIO

Após quase um mês mergulhado em sua maior crise institucional, o IBGE voltou atrás e vai retomar a divulgação da Pnad Contínua, nova pesquisa sobre mercado de trabalho em âmbito nacional.

Em reunião ontem, o conselho diretor do órgão definiu, por unanimidade, manter a divulgação, no dia 3 de junho, dos dados do primeiro trimestre.

A presidente do IBGE, Wasmália Bivar, disse que a repercussão negativa pesou na decisão --que já era esperada.

"Eu não vou dizer que não teve nenhuma influência. Seria bobagem. Mas o que contou realmente para a decisão são fatos objetivos."

Entre eles, Bivar ressaltou a certeza da divulgação no mês que vem. "O IBGE é para divulgar informação. Uma informação que está pronta é para ser divulgada."

A nova pesquisa (em 3.500 municípios), que começou a ser divulgada no início deste ano, mostra um desemprego maior que o levantamento anterior (que abrange seis regiões metropolitanas).

Enquanto a Pnad Contínua mostrou uma taxa de 7,1% em média em 2013, o outro levantamento apontou 5,4%.

A decisão de suspender a divulgação gerou suspeitas de ingerência do governo no órgão. O IBGE sempre negou tal possibilidade. Duas diretoras, contrárias à decisão, pediram exoneração, e 18 coordenadores colocaram seus cargos à disposição.

O recuo da direção do IBGE é previsto para hoje, quando a equipe técnica da pesquisa se reunirá com a presidente para apresentar os estudos necessários para eventuais ajustes na pesquisa.

Esses ajustes buscam viabilizar o cumprimento da nova lei do FPE (Fundo de Participação dos Estados), que determina o rendimento domiciliar per capita como um dos indicadores para repartição dos recursos.

O problema é que há grande diferença entre as mar- gens de erro de cada Estado, o que poderia distorcer os repasses.

INÍCIO DA CRISE

A crise teve início no dia 10 de abril, após Bivar suspender, sem consulta aos técnicos, a divulgação da Pnad Contínua até janeiro de 2015.

Ela disse que faltavam tempo e pessoal para fazer simultaneamente a revisão das informações sobre a renda per capita para adequá-las às exigências da nova lei do FPE e o processamento dos dados a serem divulgados.

O IBGE disse que foi alertado sobre a necessidade de mudança metodológica após um pedido de informações no início de abril dos senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil, e Armando Monteiro (PTB-PE).

Os senadores argumentam que as margens de erro entre os Estados poderiam gerar contestações na Justiça.

Técnicos responsáveis pela pesquisa dizem que não há necessidade de mudar a amostra da pesquisa nem alterar as margens de erro para atender à lei.

Apesar de negar a suposta ingerência, Bivar disse que "o fato de ser ano eleitoral contou para essa avaliação [negativa]" da decisão, que teria sido "muito mais ponderada" se fosse em outro momento.


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