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Entrevista - Murilo Portugal

Autonomia do Banco Central já é apropriada

Presidente da febraban diz que independência do bc não precisa ser ampliada, como defendem candidatos da oposição

FERNANDO RODRIGUES DE BRASÍLIA

O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Murilo Portugal, acha que o Banco Central tem um funcionamento apropriado e pode ficar como está, sem ampliação de sua autonomia como defendem alguns candidatos de oposição ao Palácio do Planalto.

Em entrevista à Folha e ao UOL, ele disse: "O Banco Central já funciona com independência operacional há bastante tempo. Atua de maneira adequada. Acho que está apropriado".

O BC é a autoridade reguladora do mercado bancário. Mais autonomia para a autarquia representaria um risco para a indústria bancária.

Primeiro presidente profissional contratado para presidir a Febraban, Murilo Portugal, 65, está no cargo há três anos. Envolveu-se em uma polêmica com o governo no início do mandato da presidente Dilma Rousseff, quando os bancos reclamaram da pressão para que baixassem suas taxas de juros.

Sobre esse episódio, Portugal hoje fala pouco. O que ficou? "A importância de realmente trabalhar de uma maneira consistente, permanente, para a redução das taxas de juros e dos spreads bancários no Brasil. Os bancos são a favor disso."

Indagado então sobre a razão de as taxas de juros cobradas pelo bancos continuarem elevadas, Portugal repetiu a explicação clássica da Febraban sobre os custos operacionais no Brasil serem mais altos do que em outros países.

O discurso da Febraban alinhou-se de uma vez ao do governo. Portugal diz que há um excesso de mau humor sobre a economia que não corresponde ao que se passa de fato no país. A seguir, trechos da entrevista.

Folha/UOL - Que espaço existe na economia para ampliar o crédito do consumo e alavancar o crescimento do país?
Murilo Portugal - Em 2004, o crédito bancário ao setor privado era 26% do PIB. Agora, está em 56% do PIB. Dados de março mostram que o saldo total das operações de crédito cresceu 1%. No acumulado, em 12 meses até março, 13,7%. Nós esperamos que este ano o crescimento fique em torno de 13%, 14%.

O STF deve retomar neste mês o julgamento sobre as perdas na poupança durante planos econômicos. Os bancos estão preparados para uma derrota?
Nós temos convicção e confiança de que vamos ganhar essa ação no Supremo Tribunal Federal. A única coisa que os bancos fizeram foi cumprir estrita e fielmente o que as leis, propostas pelo Executivo e aprovadas pelo Congresso, determinaram.

No início do mandato da presidente Dilma houve uma pressão para que os bancos reduzissem suas taxas de juros. O que ficou desse episódio?
Ficou a importância de realmente trabalhar de uma maneira consistente, permanente, para a redução das taxas de juros e dos spreads bancários no Brasil. E que os bancos são a favor disso.
Os bancos gostam de emprestar e ter lucro emprestando, mas isso pode ser obtido com volumes maiores e preços mais baixos.
Houve, realmente, [agora] um aumento da taxa Selic. É um aumento que é comum. Essa é uma taxa que flutua, segundo as condições econômicas. Isso não quer dizer que a taxa de juros não possa vir a cair novamente no futuro.

Os juros que os bancos cobram dos clientes são considerados muito altos em relação a outros países. Por quê?
Os custos de operação no Brasil são mais altos do que os custos de operação nos outros países.

Mas é tão mais alto assim?
São mais altos. Vou dar um exemplo: o custo da segurança física nas agências. Nos EUA não existe o aparato que existe nos bancos aqui, com portas giratórias, câmeras de vigilância e 85 mil vigilantes. Este é apenas um exemplo.
O custo tributário aqui também é mais elevado do que em muitos países.

Há um excesso de mau humor na economia que não corresponde com a realidade, como diz o governo?
Possivelmente, talvez exista porque muitas vezes há algum excesso na avaliação, tanto quando as coisas vão bem, como quando não vão.
Não compartilho da ideia de que o Brasil esteja entre os países emergentes mais frágeis em relação a outros parceiros, como muitas vezes é divulgado na imprensa.

A Febraban tem uma posição a respeito de o BC ser mais independente, com alguns candidatos a presidente de oposição estão propondo?
O Banco Central já funciona com independência operacional há bastante tempo, mas é lógico que tudo na vida que pode ser aperfeiçoado, deve ser aperfeiçoado. Mas eu não acho que haja uma falta de independência. Acho que o Banco Central atua de uma maneira adequada.

Assista à entrevista e leia a transcrição
folha.com/no1452198


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