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Exportação e seca levam carne à maior alta desde 99

De janeiro a abril, preços subiram 7,33%; em geral, produto cai no quadrimestre

Concentração cada vez maior de mercado em poucas empresas também está entre os motivos do aumento

PEDRO SOARES DO RIO

Com uns quilinhos a mais, Valesca Amâncio, 34, estava fazendo a dieta da proteína, mas teve de parar. Um dos motivos, diz, foi o custo elevado de um produto tradicional do prato do brasileiro: a carne. "Estava gastando muito. Só comendo carne é que me sentia saciada, mas mesmo na promoção não pagava menos de R$ 15 o quilo."

A auxiliar administrativa ilustra a realidade de muitas donas de casa que convivem com a maior alta do preço da carne em 15 anos.

De janeiro a abril, os preços subiram 7,33%, maior taxa para o período desde 1999 --ano da mudança para o regime de câmbio flutuante e da maxidesvalorização do real, o que fez, na ocasião, os preços explodir.

O padrão em quase todos os anos é de deflação das carnes no primeiro quadrimestre, período de "safra", com os pastos melhores e no período da colheita da soja e milho (usados na ração).

Neste ano, porém, o clima desfavorável, com uma estiagem prolongada que afetou as pastagens, maior exportação de carne, custos maiores com rações e concentração cada vez maior de mercado em poucas empresas estão entre os motivos do aumento fora da curva neste ano.

Para Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), não há uma única resposta para o aumento, mas o ponto central é a maior presença da carne brasileira em vários mercados.

"Só não está pior porque o país não teve acesso ainda ao mercado americano por causa de um caso de aftosa em Mato Grosso do Sul. Quando abrir lá, a tendência é de uma oferta ainda menor no mercado interno", afirma.

Rodrigues considera ainda que, com o avanço da renda no país, mais pessoas passaram a consumir carne, gerando pressão sobre os preços. "Certamente, a tendência de valorização veio para ficar."

José Vicente Ferraz, da consultoria Informa Economics FNP, diz que esse problema ocorre não só no Brasil mas em outros grandes produtores, como EUA e Argentina, também afetados por secas recentes.

Para o analista, a carne bovina já deixou de ser o produto mais consumido, cedendo lugar à de frango. "O consumo de carne está estagnado. Corremos o risco de viver uma elitização da carne no país."

CORTES

Entre os cortes de carne, as maiores altas no primeiro quadrimestre ficaram com os de segunda: pá (11,46%) e acém (11,66%). Também subiram com força os preços de alternativos à carne, como o pescado (11,69%) e o ovo (14,17%). Já o preço do frango, ao contrário, cedeu 1,35% em 12 meses até abril.


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