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Em cenário especulativo, é necessário ter sangue-frio
Seguir 'efeito manada' e sair comprando ou vendendo ativos não é indicado
Especialistas dizem que é importante analisar os fundamentos de cada empresa antes de surfar a onda do mercado
Em vez de acompanhar o "efeito manada" e sair comprando ou vendendo ativos conforme os movimentos do mercado, o investidor deve manter o sangue-frio e procurar mais informações referentes às empresas nas quais aplica antes de tomar uma decisão importante.
Essa é a recomendação para enfrentar o período de turbulências e especulação na Bolsa, que já levou a Petrobras --empresa que tem forte apelo com os pequenos investidores-- a se valorizar mais de 45% desde março.
Naquele mês, os papéis da estatal haviam atingido seu menor patamar de preço desde junho de 2005.
"Há um grau grande de especulação nesse processo, que é natural do mercado. E tomar uma decisão nesse contexto vai depender muito do nível de informação do investidor", afirma Carlos Melo, professor do Insper, instituto de ensino e pesquisa.
"Grandes bancos e corretoras têm acesso a analistas, pesquisas e informações de melhor qualidade. Já o pequeno investidor recebe uma informação mais imperfeita e, por isso, tende a tomar suas decisões com um grau de insegurança maior" diz Melo.
"Ele fica mais assustado e é mais vulnerável do que os grandes investidores."
A consultora financeira Aline Rabelo corrobora essa ideia. Segundo ela, o pequeno investidor é quem mais sai perdendo ao seguir o "efeito manada".
"Quando o investidor começa a aplicar no mercado de ações, a gente nota um certo desespero. Se a ação cai 2%, ele vende. E aí acontece a perda. O contrário também ocorre. Quando ele compra, o movimento todo de alta já pode ter acontecido e ele acaba perdendo dinheiro", afirma.
Por isso, antes de seguir a corrente, é importante analisar os fundamentos de cada empresa. Esse movimento recente de valorização das ações da Petrobras é um exemplo disso.
Embora as ações da empresa tenham avançado mais de 45% desde março, os fundamentos da companhia permanecem os mesmos.
Para não prejudicar a inflação no país, o governo barra um reajuste nos preços dos combustíveis que poderia dar um alívio ao caixa da estatal e o endividamento da petroleira preocupa. Sem contar os desafios tecnológicos da exploração no pré-sal.
"Por isso, o investidor precisa ser mais precavido, pois a falta de informação pode fazer essa pessoa perder o pouco que tem", diz Melo.
Segundo o economista Samy Dana, da FGV (Fundação Getulio Vargas), diante desse cenário turbulento, o pequeno investidor deve aproveitar as oportunidades que surgem em outras áreas.
"Há alguns instrumentos, como o Tesouro Direto, nos quais o investidor pode garantir pelo menos a reposição da inflação e mais juros", diz.
A dica é sempre procurar por especialistas que possam ajudar o investidor a encontrar a melhor opção de aplicação. Nesse caso, diz Dana, os produtos financeiros que serão indicados vão depender do perfil de cada um e dos objetivos para o futuro.