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Emprego industrial cai, mas salário sobe
Com produção fraca, número de trabalhadores recua 2% no trimestre; disputa por mão de obra eleva rendimento
Número de horas pagas cai 2,3% e sinaliza que o nível de emprego no setor continuará patinando, diz IBGE
Sem uma retomada firme da produção e com empresários pouco confiantes, o emprego na indústria encolhe neste ano. Os salários, no entanto, mantêm a tendência de alta diante da competição por mão de obra --em especial a mais qualificada.
No primeiro trimestre, a indústria perdeu 2% do total de seus trabalhadores na comparação com o mesmo período de 2013 --o décimo trimestre consecutivo de queda, segundo o IBGE.
Já o rendimento subiu 2,1%, ritmo menos intenso do que o registrado em períodos anteriores.
De fevereiro para março, o número de pessoas ocupadas no setor cresceu 0,2%. O resultado, porém, não pode ser visto como uma recuperação.
Para Fernando Abritta, técnico do instituto, o emprego segue o fraco ritmo da produção --alta de apenas 0,4% no primeiro trimestre.
"Apesar do pequeno aumento de fevereiro para março, é prematuro afirmar que o mercado de trabalho da indústria mostra uma reação", afirma Abritta.
A pesquisa do IBGE só investiga a população ocupada, e não quem está desempregado e à procura por trabalho, como a Pesquisa Mensal de Emprego, mais ampla.
Sem um crescimento mais forte do nível de atividade do setor, o emprego tende a patinar nos próximos meses, explica o técnico do IBGE.
Um indicador dessa tendência é a queda do número de horas pagas.
Elas sinalizam contratações no futuro, já que, primeiro, os empresários ampliam o número de horas extras antes de admitirem empregados. O problema é que o indicador segue em queda --2,3% no primeiro trimestre.
ENTRAVES
Para Abritta, o emprego sofre com juros altos, crédito mais caro, consumo enfraquecido, inflação maior e exportações retraídas em importantes setores.
Segundo o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o determinante, porém, é o fraco desempenho da produção.
"Sem esboçar uma reação mais consistente de sua produção e com emprego em crise, a indústria brasileira inicia este ano com resultados piores do que os de 2013, que já não foi nada favorável", diz o instituto, em relatório.
Já o rendimento ainda se beneficia da competição por empregados com setores mais dinâmicos, como comércio e serviços, e da restrição de mão de obra qualificada em alguns ramos industriais.
SÃO PAULO
O emprego na indústria registrou perdas generalizadas, com retração na maioria dos setores e das regiões pesquisados pelo IBGE no primeiro trimestre deste ano.
O principal impacto negativo veio de São Paulo. A queda no maior parque industrial do país foi de 3,1% no primeiro trimestre.
Das 14 regiões pesquisadas, 9 registraram queda na comparação com o primeiro trimestre de 2013.
Entre os 18 setores analisados, 11 tiveram perdas, com destaque para calçados e couro (7,3%), produtos têxteis (4,6%) e máquinas e equipamentos (5,4%).