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Governo argentino adia dados, e pobres 'viram' incógnita

Sem dados oficiais recentes, estimativas de consultorias para população abaixo da linha da pobreza variam de 18% a 30%

Último número da administração Cristina, do início de 2013, apontava como pobre 4,7% da população

FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES

A quantidade de pobres na Argentina virou tema de debate. Após o órgão de estatísticas oficial, o Indec, decidir não divulgar qual porcentagem da população está abaixo da linha de pobreza, consultorias privadas começaram a divulgar suas estimativas, que variam em até 12 pontos percentuais.

A menor projeção para o percentual de pobres é de pouco mais de 18%, e a mais elevada, de 30%.

Todas estão muito além do último dado oficial sobre o tamanho da população pobre, do começo do ano passado: 4,7%. A divulgação do índice mais recente foi cancelada pelo governo no fim de abril para resolver "problemas de articulação", segundo o chefe de gabinete de Cristina Kirchner, Jorge Capitanich.

Para analistas, porém, cancelou-se o anúncio para que não houvesse um salto muito abrupto nos dados oficiais.

"Quando se mente sobre esses índices, mente-se sobre o preço de referência da cesta básica", diz Fabián Repetto, diretor do "think tank" (centro de estudos) Cippec.

O economista-chefe da consultoria Analytica, Martín Polo, diz que a situação mudou com uma pressão internacional para a Argentina normalizar a medição da inflação. No começo deste ano houve o lançamento de um novo índice de inflação e o Indec foi obrigado "a reconhecer que aquela cesta básica não fazia sentido".

Consequentemente, uma parcela grande da população que não era considerada pobre passará para o contingente de quem não tem o suficiente. Por isso, o governo preferiu não divulgar qual é o tamanho real desse contingente, segundo analistas.

Com a falta de dados oficiais, estimativas de consultorias privadas passaram a ser mais difundidas. A mais baixa, que considera somente as regiões metropolitanas, foi divulgada na semana passada por sindicalistas que apoiam o governo: 18,2%.

"O governo não reconhece a pobreza real porque seria admitir de que há um problema de renda", afirma Polo Manzanelli, economista da consultoria Cifra, contratada para para fazer a pesquisa.

Buenos Aires tem cenas de pobreza urbana, como o acampamento sem-teto erguido há quase um mês ao lado do obelisco, um dos monumentos mais conhecidos da capital argentina.

Mas "mesmo mentindo sobre as estatísticas e mentindo sobre o tamanho da população pobre, o Estado tem feito políticas a favor dessa população", diz Repetto.

Ele cita o aumento da cobertura previdenciária social e um programa de renda universal por filho --algo semelhante ao Bolsa Família. Hoje, cerca de 1,9 milhão de lares contam com o dinheiro.


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