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Análise

Receita brasileira segue o caminho inverso do da europeia

GUSTAVO PATU DE BRASÍLIA

O ajuste fiscal europeu é costumeiramente citado por Dilma Rousseff como exemplo do que não deve ser feito para enfrentar uma crise.

No raciocínio da presidente, cortes duros de gastos públicos --que, diz, também teriam sido feitos no Brasil nos anos 80 e 90-- acabam por deprimir ainda mais o ânimo de investidores e consumidores, com menos inclusão social e mais desemprego.

Não é de espantar, portanto, que a administração petista tenha reagido com aumento de despesas à freada da economia nacional que já dura quatro anos.

Sem resultar na recuperação acelerada prometida pela equipe econômica, a estratégia acumulou efeitos colaterais que alimentam apostas num ajuste à brasileira --nada tão dramático como o europeu, mas não indolor.

O próximo governo, qualquer que seja o resultado das eleições de outubro, terá de optar entre um aperto orçamentário e o risco de piora da inflação e da confiança de empresários e consumidores.

Os preços sobem em torno de 6% ao ano desde 2010, e a taxa só não está mais elevada devido a um represamento das tarifas públicas que não poderá ser mantido por tempo indeterminado.

A inflação ainda deve ser pressionada por uma esperada valorização do dólar nos próximos meses ou anos, resultante da recuperação econômica dos Estados Unidos.

O combate tradicional à alta dos preços é feito com alta dos juros e corte de gastos públicos, com objetivo de esfriar o crédito e o consumo --e o mercado de trabalho.

Ainda que se decida usar apenas os juros, o aumento das despesas do governo com sua dívida tornará necessário endurecer a política fiscal, seja com menos despesas, seja com mais impostos.

DÍVIDA PÚBLICA

Pela metodologia mais adotada internacionalmente, o Brasil tem, ao lado da Índia, a maior dívida pública entre as principais economias emergentes, na casa dos 65% do PIB. Nesse grupo, o país tem o maior gasto com juros.

Os dados indicam que, embora não haja perigo visível de insolvência, o mercado credor e investidor seguirá preocupado com a solidez das contas do governo.

A esperança de Dilma e sua equipe é que a melhora do cenário internacional seja vigorosa o bastante para impulsionar a exportação, a produção e a arrecadação.

Contando com essa sorte, os petistas associam a ideia de medidas impopulares a seus adversários eleitorais.


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