Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Para fechar contas, governo amplia verba extraordinária
Em revisão do Orçamento, estimativa de receita extra é elevada em R$ 10 bi
Parcelamento de dívidas --a maior parte ainda em tramitação no Congresso-- renderia R$ 12,5 bilhões
Para fechar as contas do ano, o governo Dilma Rousseff decidiu mais uma vez recorrer a "receitas extraordinárias", ou seja, que não fazem parte da arrecadação cotidiana de impostos e outras fontes de recursos.
Segundo a revisão bimestral do Orçamento, divulgada nesta quinta-feira (22), o dinheiro adicional virá da ampliação dos programas de parcelamento de dívidas tributárias, conhecidos pela sigla genérica de Refis.
Nas contas do governo, as regras oferecidas aos contribuintes em atraso com o fisco --a maior parte delas ainda em tramitação no Congresso-- renderão, a partir de agosto, R$ 12,5 bilhões.
Não é muito em comparação com a receita total da União, mas é o suficiente para livrar o governo da obrigação de cortar despesas imediatamente para o cumprimento de suas metas fiscais.
Como a arrecadação tem crescido abaixo do esperado, foram reduzidas as projeções para tributos importantes como o Imposto de Renda e o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
No entanto, a estimativa de receitas extraordinárias subiu de R$ 14,2 bilhões, na primeira revisão orçamentária do ano, para R$ 24,3 bilhões, compensando as perdas.
Este será o terceiro ano consecutivo em que a administração petista recorre a receitas heterodoxas para fechar as contas. E, pela segunda vez, o artifício é oferecer vantagens para o pagamento de dívidas tributárias.
O expediente é condenado pela área técnica da Receita Federal, por estimular a sonegação, mas tem sido usado para engordar o caixa.
Para convencer analistas e investidores de que seus gastos não vão disparar neste ano eleitoral, o governo prometeu poupar R$ 80,8 bilhões para o abatimento da dívida pública.
Com outros R$ 18,2 bilhões dos Estados e municípios, a meta total de poupança chega a R$ 99 bilhões, equivalentes a 1,9% do PIB. Para mostrar estabilidade, o percentual é o mesmo do ano passado --que, no entanto, foi o mais baixo desde 1998.
O governo ainda precisa definir como pretende cobrir a alta, de R$ 9 bilhões para R$ 13 bilhões, dos subsídios às contas de luz, não citada na revisão orçamentária.
O afrouxamento da política fiscal é um dos motores da inflação, cuja previsão oficial para o ano foi elevada de 5,3% para 5,6%. No mercado, porém, a projeção central é uma taxa de 6,4%.