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Brasileiros que não querem trabalhar chegam a 17,4 mi

Contingente aumentou 5,7% em relação a abril de 2013 e representa 91% dos inativos nas cidades pesquisadas

Maioria do grupo é de mulheres, jovens até 24 anos e idosos, concentrando-se em SP, BH, Rio e Porto Alegre

PEDRO SOARES DO RIO

O número de pessoas interessadas em trabalhar despencou no intervalo de um ano. Esta é a principal explicação para a taxa de desemprego ter se mantido em abril no menor patamar para o mês desde 2002.

Os que respondem à pesquisa do IBGE que não gostariam trabalhar eram 17,375 milhões de pessoas em abril deste ano, 5,7% mais do que os 16,436 milhões do mesmo mês do ano passado.

Eles correspondiam a 91% dos chamados inativos nas seis principais regiões metropolitanas do país. O restante, em sua grande maioria, são os que entram e saem do mercado de trabalho em momentos específicos ou os que fazem "bicos", mas não estavam empregados nem à procura de trabalho nos 30 dias anteriores à pesquisa.

Esse é o período de referência para compor o grupo que está empregado ou à procura de uma vaga --na força de trabalho de modo efetivo.

Os inativos são o segundo grupo mais importante da população em idade para trabalhar (10 anos ou mais, pela pesquisa). Perdem só para os ocupados: 22,9 milhões em abril de 2014, grupo estagnado na comparação anual.

Sem crescimento da oferta de vagas, a taxa de desemprego tem ficado nos menores patamares históricos (4,9% em abril) apenas pela reduzida procura por trabalho.

"A taxa de desocupação não quer dizer nada num cenário de fraco desempenho do emprego e redução da população economicamente ativa [quem está disponível para trabalhar], ainda mais num período de menor crescimento econômico", diz José Francisco Gonçalves, economista-chefe do banco Fator.

PERFIL

O perfil das pessoas que não estão dispostas a trabalhar é composto, em sua maioria, por mulheres (que, em geral, não chefiam a família), jovens até 24 anos (o que indica que há um foco maior na qualificação profissional e condiz com os dados de aumento da escolaridade desde o Plano Real) e idosos (contam com a aposentadoria).

Esse grupo, diz o IBGE, se concentra nas regiões de maior rendimento e de população mais envelhecida: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.

"O grosso dessas pessoas está nos extremos da pirâmide etária. Pode haver uma relação com o envelhecimento da população e com o aumento da renda nos últimos anos, não só do trabalho, mas de aposentadorias e transferências [de programas sociais]", diz Adriana Berenguy, técnica do IBGE.

Com folga no orçamento, quem não é chefe de família, diz, pôde postergar a entrada no mercado de trabalho ou se dedicar a atividades como cuidar da casa e dos filhos.

Os dados do IBGE apontam ainda uma freada no processo de formalização, com um ritmo menor de crescimento do emprego com carteira no primeiro quadrimestre. Já a queda dos trabalhadores sem carteira se intensificou, o que sugere que parte desse grupo saiu do mercado de trabalho.

Outro sinal de piora é a queda de 1,9% do emprego na indústria nos quatro primeiros meses de 2014. O setor é importante porque demanda profissionais terceirizados e de outros ramos, como o de serviços.


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