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Governo perde fôlego para ajudar indústria

Necessidade de restrição de gastos limita desonerações, afirma ex-número 2 da Fazenda

MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO

A piora das contas do governo, em razão do aumento de despesas em ritmo superior ao das receitas públicas, limitará políticas adicionais de incentivo ao setor industrial, que está em crise e estagnado há seis anos.

A previsão é do economista Nelson Barbosa, ex-número 2 do Ministério da Fazenda na gestão Guido Mantega e um dos cotados a suceder o ministro, caso a presidente Dilma Rousseff seja reeleita.

Em palestra na FGV, sobre a crise da indústria, Barbosa afirmou que as receitas do governo são alvo de demandas sociais crescentes. Além disso, será necessário elevar a poupança usada para pagar os juros que incidem sobre a dívida e impedem que o endividamento público cresça (superavit primário), hoje equivalente a 1,7% do PIB.

Para manter a dívida bruta estável seria necessário elevar esse esforço para cerca de 2,5% do PIB, calcula ele.

"Não há espaço para ampliar desonerações ou manter os aportes no BNDES."

Barbosa defendeu a desoneração de impostos sobre a folha de pagamentos, que o governo estuda estender por mais um ano. E disse que incentivos como a redução de IPI e o aumento do teto do Simples não podem ser considerados estímulos à produção e à competitividade.

"Nem todas as medidas [adotadas] tiveram como objetivo o desenvolvimento produtivo. A política industrial leva a fama, mas na verdade foram vários os objetivos", disse, citando as iniciativas como estímulos ao consumo.

A saída para o setor industrial recuperar a capacidade de competir com importados, diz ele, é a alta do dólar, produzida pela redução das atuações do BC para segurar a moeda americana.

BC FORA DO CÂMBIO

Barbosa observou que o BC vendeu o equivalente a cerca de 25% de suas reservas em dólares (US$ 378 bilhões) em contratos no mercado futuro de câmbio.

O abandono dessa estratégia produziria uma alta do dólar, diz ele, o que teria poder de ajudar a indústria.

O impacto poderia levar a inflação a estourar a meta oficial (de 6,5%), admite ele. Porém, na sua visão, o efeito seria "pequeno e temporário".

A solução para a indústria brasileira, que hoje responde por 13% do PIB (já foi 25% em 1985), extrapola a contribuição que um dólar mais alto poderia produzir, na opinião dos economistas Rogério de Souza e Cristina Reis.

Em estudo apresentado no evento, os economistas demonstram como o país está fora da nova lógica de produção global da indústria, espalhada por diferentes países.

Segundo eles, apenas 10% do que o país exporta são derivados de importações. No México, o percentual é de 30%, e na Turquia, de 21%. Sem aderir ao modelo global e não produzir serviços industriais mais nobres, como pesquisa e desenvolvimento, a indústria brasileira não sairá da crise, argumentam.


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