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Vinicius Torres Freire

Dilma 1: fim

Outro ano de "Pibinho" diz muito pouco sobre os problemas econômicos que a presidente vai legar

É MAIS DIFÍCIL do que parece medir o sucesso econômico de um governo por um número tal como o do aumento do PIB. Sob Dilma Rousseff, a economia terá crescido abaixo de 2% ao ano. "Menos que nos anos FHC", diriam críticos com a inteligência de debates das redes insociáveis. Mas o problema não está bem aí.

Qual teria sido do crescimento caso o governo tivesse mantido a política econômica "feijão com arroz" adotada de 1999 a 2008, por aí, em vez do "angu de caroço" dilmiano?

Dificilmente muito mais que 2%. Havia os excessos do biênio final de Lula para limpar, houve crises no mundo de 2011 a 2013 etc. Enfim, quando Dilma assumiu, estavam esgotadas as folgas que permitiram ao Brasil crescer os 4% lulianos (em suma, capacidade ociosa de produção e trabalho; folga nas transações com o exterior).

Por que o governo Dilma ignorou tal obviedade é tema para outro dia ou divã, mas é claro que a presidente também aceitou, com gosto, a pressão do trem da ampliação de direitos sociais e econômicos, que partiu em 1988, acelerou sob FHC e desembestou sob Lula.

No que diz respeito ao Estado, havia muita demanda de benefício social e recusa social crescente de aceitar mais impostos (e mesmo indiferença do PT à ideia de tributar mais os ricos). No que diz respeito à economia, faltou PIB para tanto consumo. Sem receita fiscal e produção ("mais PIB"), apenas se consome mais por meio de mais dívida ou sacando contra o patrimônio.

O governo Dilma passou a "comprar" os frutos de um crescimento que não vinha. O fez por meio do aumento da dívida: gastando o que não tinha, tomando emprestado.

Comprou empregos subsidiando empresas privadas (fez mais dívida para manter as margens de lucro dessas firmas); tentou comprar investimento, que não veio.

Comprou o aumento dos empréstimos bancários adquirindo fatias de mercado bancário para os bancos públicos, que concederam mais crédito (que usamos em parte relevante para importar mais mercadorias, dados o custo e a escassez das nacionais).

Comprou benefícios sociais com dívida pública também, pois não houve alta de impostos (alíquotas), menos ainda sobre os mais ricos.

Quando não conseguia comprar, tentou tabelar preços, imaginando que, mesmo assim, o mercado ofertaria crédito, energia elétrica, combustível, infraestrutura. Não rolou.

Dívidas maiores elevam as taxas de juros, para dizer o efeito mínimo. Juros altos aprofundam o problema da produção restrita, que era o empecilho inicial para Dilma.

Essa é apenas uma linhas das narrativas do problema que Dilma vai legar a si ou outro na área macroeconômica. Enfim, além do tempo perdido na picuinha cotidiana e na desordem administrativa centralizada de seu governo, ela não fez reforma econômica de fundo alguma, de "esquerda" ou "liberal".

Para ficar no básico, inflação alta represada, o dólar por desvalorizar, cofres do governo ora esgotados e investimento baixo vão reduzir as expectativas de crescimento nos próximos anos. Sem limite estão as expectativas de melhoria de renda e serviços sociais, as quais não vão se resolver sem algum aumento da tensão social ou política, como já se vê desde 2013.


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