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Alto preço de energia pode fechar fábricas no Nordeste
Sete indústrias precisam renovar contratos com a Chesf, que pede revisão dos valores; extensão depende de Dilma, diz senador
A crise energética, que fez os preços da energia elétrica dispararem, está perto de provocar o fechamento de fábricas no Nordeste.
Sete empresas instaladas na Bahia, em Alagoas e em Pernambuco podem fechar as portas caso contratos antigos com a Chesf, geradora da Eletrobras no Nordeste, não sejam renovados.
Esses contratos de fornecimento, que vencem em junho de 2015, possuem valor de R$ 110 por megawatt-hora (MWh) --muito abaixo do cobrado no mercado.
Atualmente, os preços de contratos semelhantes partem de R$ 300 por MWh.
As companhias são Braskem, Caraíba, Dow Química, Ferbasa, Gerdau, Paranapanema e Vale e empregam diretamente 7.000 pessoas.
Os contratos representam 12% da capacidade de geração da Chesf. Caso eles se encerrem, essa energia será disponibilizada no mercado regulado e usada para baixar os preços da energia em residências e indústrias menores.
Para renovar, a Chesf pede que sejam revistos os preços, o que vai contra o interesse das indústrias.
Os senadores Walter Pinheiro (PT-BA) e Romero Jucá (PMDB-RR) tentam aprovar uma emenda na medida provisória 641. O texto livra a Chesf da responsabilidade de alocar a energia no mercado regulado e permitir a negociação de preços.
Mas Pinheiro diz que é a presidente Dilma Rousseff quem definirá a extensão ou não dos contratos.
"A negociação verdadeira é com o Executivo. Mandamos proposta, mas ainda não tivemos retorno", diz.
A incerteza com a prorrogação já fez com que a produção na região caísse.
No primeiro trimestre, essas empresas receberam R$ 72 milhões por vender energia excedente no mercado de curto prazo, em que podem vender sem contrato e os preços são mais altos.
Unidades podem ser fechadas, como a da Braskem em Alagoas e a da Gerdau em Pernambuco, dizem fontes próximas do assunto.
"A energia é requisito primordial para a competitividade", diz a Braskem.
"Uma não renovação poderá trazer uma significativa perda de competitividade nas usinas da Gerdau na Bahia e em Pernambuco", afirma a Gerdau em nota.
As outras empresas preferiram não se pronunciar.
A Chesf e o Ministério de Minas e Energia não responderam até o fechamento desta edição.