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Pesquisadores discutem possíveis erros de Thomas Piketty em livro

Para acadêmicos, ajustar dados é normal, mas critérios e fórmulas devem ser explicados

Conceitos diferentes usados ao manipular números podem alterar resultados de pesquisas, afirmam especialistas

PAULA LEITE EDITORA DO EMPREENDEDOR SOCIAL

A polêmica a respeito de possíveis erros no trabalho do economista francês Thomas Piketty, apontados pelo jornal britânico "Financial Times", vem gerando dúvidas dentro e fora da academia.

Pode ser difícil entender como dados aparentemente objetivos levam pesquisadores a conclusões distintas sobre "O Capital no Século 21".

O que acontece é que os números não vão diretamente da realidade à teoria econômica: os pesquisadores têm que ajustá-los, corrigi-los e aplicar procedimentos matemáticos para extrair deles conclusões.

Dependendo das hipóteses que justificam essas correções, pesquisadores podem chegar a conclusões diferentes baseando-se nos mesmos dados.

"A pesquisa histórica, como a do Piketty, é diferente de uma pesquisa feita com dados atuais, que vêm mais prontos'. Com dados históricos você tem que fazer algumas hipóteses", diz Naércio Menezes Filho, economista e pesquisador do Insper.

No caso de Piketty, ele teve que fazer ajustes para comparar dados de países diferentes e "preencher" dados faltantes de períodos.

Segundo especialistas, o importante é deixar claro quais foram os critérios e fórmulas usadas para essas alterações nos dados.

Mas Rodrigo De Losso, economista e pesquisador da Universidade de São Paulo, diz que hoje é comum em artigos científicos de economia que os mesmos dados sejam submetidos a diferentes ajustes e diferentes tratamentos estatísticos para ver se as conclusões gerais se mantêm.

"Se você muda o método, os números vão ser um pouco diferentes, mas o resultado qualitativo não deveria mudar", diz ele.

Esse é um dos problemas apontados por Chris Gilles, do "Financial Times", a um dos capítulos do livro: se forem usadas outras séries históricas e alterados alguns ajustes, a conclusão de que a desigualdade está aumentando muda completamente.

Piketty respondeu ao "FT" dizendo que os dados usados por ele são mais confiáveis e explicou os ajustes que fez.

Pesquisadores lembram que o processo para publicar um artigo numa revista científica é mais rigoroso que para a publicação de um livro.

Na área econômica, revisores de revistas científicas podem pedir todos os dados e softwares estatísticos usados e tentar replicar os resultados. "Isso vai depender da reputação do pesquisador. Não se confere tudo", diz Samuel Pessôa, pesquisador da Fundação Getulio Vargas e colunista da Folha.


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