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BC questiona auditorias nos casos BVA e Rural

Comissão que investigou bancos diz que falhas não foram apontadas

Empresas citadas negam irregularidades e dizem que não foram notificadas pelo BC sobre as suspeitas

RENATA AGOSTINI FILIPE COUTINHO DE BRASÍLIA

A atuação de algumas das maiores auditorias do mundo é questionada pelo Banco Central na análise do que levou os bancos Rural e BVA a quebrarem. As duas instituições tiveram a liquidação extrajudicial decretada pelo governo no ano passado.

Os relatórios das comissões do BC, aos quais a Folha teve acesso, apontam falhas das consultorias KPMG, Deloitte e Ernst & Young, encarregadas de auditar os balanços apresentados pela administração das instituições.

O BC identificou um rombo de R$ 1,3 bilhão nas contas do Rural e de R$ 1,6 bilhão nas contas do BVA. Nos dois casos, pediu que se apurassem responsabilidades das auditorias externas.

A americana Deloitte e a inglesa Ernst & Young são questionadas no caso do Banco Rural, envolvido no escândalo do mensalão. O BC diz que elas não indicaram de forma adequada os riscos de perda em processos judiciais e as contingências fiscais.

Havia, por exemplo, o provisionamento de R$ 57 milhões para ações civis. O valor, na verdade, deveria ser de R$ 246 milhões, diz o BC.

De acordo com a Deloitte, sua auditoria apresentou ressalvas no relatório emitido. "Não recebemos até o momento qualquer notificação a respeito de relatório emitido pelo BC e, portanto, não temos como nos pronunciar", acrescentou em nota.

A Ernst & Young não se pronunciou sobre os apontamentos do BC e disse que não comenta sobre clientes.

No caso da holandesa KPMG, contratada pelo BVA, o BC diz que a auditoria cometeu irregularidades ao assegurar que as contas do banco estavam adequadas, induzindo a erro depositantes, investidores e o governo.

Segundo o BC, a auditoria deixou passar concessões irregulares de crédito, desvio de recursos e contabilização irregular de receitas.

Até mesmo a contagem física de dinheiro no caixa deixou de ser feito pela KPMG, diz o BC. Segundo o relatório, havia uma "relação promíscua" entre auditores e executivos do banco.

Segundo a assessoria da KPMG, a empresa não foi informada ou citada no inquérito do BC. "Reforçamos que a KPMG tem plena convicção de que realizou, segundo os preceitos que regem a profissão, a contento e em conformidade com as normas aplicáveis, os trabalhos de auditoria necessários à emissão de pareceres e relatórios."

A KPMG disse ainda que irá colaborar com o BC para esclarecer os fatos.

CONFIANÇA

O objetivo da auditoria externa é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis da empresa. Quando uma consultoria de renome analisa e aprova sem ressalvas os dados, cresce a certeza de que tudo corre bem com suas finanças.

Por isso, uma falha é tão prejudicial, sugere o BC no relatório: "Se o auditor lançar mão dos seus conhecimentos técnicos e aplicar corretamente os procedimentos de auditoria, haverá uma maior certeza de que os relatórios resultem livres de erros e fraudes relevantes".

Procurada, a assessoria do BC disse que "não comenta ações de supervisão de caráter específico".

Nos últimos 15 anos, 33 processos administrativos punitivos foram instaurados em desfavor de auditores independentes. Destes, apenas 10 constam como encerrados.

No total, foram aplicadas 49 penalidades. Foram 24 multas, que somam quase R$ 6 milhões, uma advertência e 24 proibições de atuação de profissionais no mercado.

As três auditorias mencionadas pelo BC fazem parte do "Big Four", como é chamado o grupo das maiores auditorias do mundo. A PWC, que compõe o bloco, não prestou serviços aos dois bancos.


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