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Bolsa argentina tem queda de 5% após ameaça de calote

Com clima de incerteza sobre pagamento da dívida local, papéis de empresas do país também são castigados em NY

Governo diz que não há missão preparada para conversar com credores nos EUA; nos bastidores, país admite negociar

FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES

Um dia depois de o governo Cristina Kirchner afirmar que não vai pagar parte da sua dívida que vence no fim deste mês, a Bolsa de Buenos Aires teve um pregão de forte tensão nesta quinta-feira, com queda de 4,92%.

O impacto dos problemas argentinos não ficou restrito à Bolsa local. O dólar subiu 0,8% ante o peso no mercado paralelo, e as empresas argentinas que negociam seus papéis em Nova York também foram derrubadas, com desvalorização de até 7,8%.

Além da declaração do governo de que pode não pagar os juros das dívidas que vencem em 30 de junho, pesou para os investidores a declaração do chefe de gabinete Jorge Capitanich de que "não há missão nem comitiva preparada" para ir aos EUA conversar com credores que ganharam na Justiça americana o direito de receber na íntegra o valor dos seus títulos.

Para aumentar o clima de incerteza, um funcionário ligado ao ministro da Economia, Axel Kicillof, afirmou que o país está aberto a negociações, segundo a Reuters.

Esse cenário de dúvidas foi intensificado desde segunda, quando a Justiça dos EUA disse que o governo tem de pagar, até 30 de junho, US$ 1,3 bilhão a um grupo de investidores que não aceitou a reestruturação da dívida feito pelo governo em 2005 e 2010.

À época, apenas 8% dos credores não aceitaram a oferta, porém nem todos entraram na Justiça. Caso tenha de pagar o US$ 1,3 bilhão a fundos que chama de "abutres" (porque eles adquiriram o papel após o calote, como forma de investimento), o governo calcula que esses 8% têm direito a US$ 15 bilhões.

Esse valor representa mais da metade das reservas do país (US$ 28 bilhões) e pode crescer muito mais.

Uma cláusula no acordo de reestruturação garante que, se houver uma negociação mais benéfica, esses credores terão as mesmas vantagens.

Essa cláusula, no entanto, deixa de valer no fim deste ano. Por isso, dizem analistas, o governo Cristina tenta ganhar tempo para não pagar esses fundos imediatamente.

A crise da dívida também divide opiniões na rua. O taxista Roberto Miranda, 56, diz que não há "razão para se pôr em drama, pois o país já passou por momentos piores".

Já o colega dele Raul Alvarez, 63, afirma que a situação parece grave. "Se é o que dizem, vão se fechar as portas do mundo. Deveríamos enfiar o rabo entre as pernas, porque é nossa culpa. Não deste governo, mas da Argentina."

EFEITO LIMITADO

Os efeitos dos problemas argentinos, pelo menos até esta quinta-feira, não se disseminaram para os mercados globais --com exceção dos papéis da empresa do país. A Bolsa de Nova York fechou em alta de 0,09%, e os principais mercados europeus também subiram. Com o feriado, a Bovespa não operou.


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