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Veredito nos EUA divide credores em casa

Argentinos que compraram títulos da dívida do país também brigam para receber, apesar de situação do país

Ex-jogador de futebol aceitou reestruturação após quatro anos sem receber; engenheiro exige valor integral

DE BUENOS AIRES

Após jogar a Copa dos EUA e se aposentar dos campos de futebol quatro anos depois, em 1998, Hugo "Perico" Pérez, 45, precisava investir em algo seguro, pois não sabia o que fazer profissionalmente.

Aplicou, então, em títulos da dívida Argentina.

No fim de 2001, o país decidiu deixar de honrar seu compromisso. Pérez ficou sem receber por quatro anos. Em 2005, surgiu a proposta de reestruturação, que garante a ele 32% do valor que receberia antes do default.

"Estava cansado, tinha passado pelo corralito' [congelamento das contas bancárias em 2001] e aceitei", relata. Agora, ele espera do desfecho da crise da dívida para decidir se aciona a Justiça.

"Nós, que aceitamos a troca dos títulos, temos que cobrar o que nos corresponde."

Perico é parte de um grupo de argentinos que torce para que o país encontre uma solução para a crise da dívida, mas que, ao mesmo tempo, quer reaver seu dinheiro, mesmo sabendo que o governo tem pouco caixa --as reservas estão em US$ 29 bilhões (R$ 64 bilhões).

O ex-jogador comprou os títulos nos EUA e, assim como todos os credores de lá que aceitaram trocar os papéis em 2005 e 2010, não recebeu a última parcela, no dia 30 de junho, pois o juiz Thomas Griesa considerou o pagamento uma desobediência.

Pérez ainda recebeu uma parcela de seu investimento. Já o engenheiro Horacio Vasquez, 57, recusou a reestruturação e nunca mais teve retorno dos US$ 70 mil em títulos que comprou em 2000 --um antes do default. Diz que pagou o valor integral ao adquirir os papéis, então não tem "nada a ver com esse grupo" de fundos abutre.

Mas elogia o juiz do caso.

O engenheiro é um dos líderes de uma associação de argentinos que se recusaram a trocar os títulos e contrataram um advogado nos EUA para representá-los.

Michael Spencer, que atende esse e outros grupos, afirma representar centenas de detentores de títulos, a maioria da Argentina, da Itália, da Alemanha e dos EUA.

Seus clientes, diz, não sentem que estejam colocando o país em risco. A seu ver, quem "pôs em risco o país" com a reestruturação foi o governo.

Ele afirma que a proposta de pagar pouco mais de 30% do valor de face dos títulos que não estavam sendo honrados foi unilateral e que não houve negociação.

Os clientes de Spencer tinham investimentos entre US$ 10 mil e US$ 80 mil (R$ 22 mil e R$ 177 mil) --somas pequenas, ante o US$ 1,33 bilhão do fundo NML, autor da ação que levou à derrota da Argentina na Justiça dos EUA.

No entanto, o advogado calcula que, hoje, o montante que devem receber chegue a US$ 800 milhões (R$ 1,77 bilhão). Segundo ele, são pequenos investidores, aposentados e famílias, esperançosos com a decisão do juiz.


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