Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

BC faz defesa enfática de patamar de juros

Ata da reunião que manteve os 11% é mais objetiva que o normal e anula apostas de baixa que surgiam no mercado

Recado tem como alvo também os assessores de Dilma que defendiam queda para ajudar campanha eleitoral

EDUARDO CUCOLO VALDO CRUZ DE BRASÍLIA

Diante de especulações do mercado e de pressões políticas de setores do governo, o Banco Central foi explícito ao dizer que não pretende reduzir os juros antes das eleições presidenciais, apesar da desaceleração econômica.

O recado, emitido, segundo assessores presidenciais, "para fora e para dentro do governo", está na ata da reunião de quarta passada do Copom (Comitê de Política Monetária), quando o BC manteve os juros em 11% ao ano.

Apesar de afirmar que a queda na atividade se tornou um fator "desinflacionário", a ata diz que o cenário é de "inflação resistente nos próximos trimestres". O IPCA (índice oficial) acumulado em 12 meses está em 6,52%, acima do limite do governo --de 6,50% em dezembro.

A ata usa uma linguagem mais direta que de costume.

"Mantidas as condições monetárias --isto é, levando em conta estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária--, [a inflação] tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção [meados de 2016]", diz o BC.

A próxima reunião do Copom está marcada para 3 de setembro. Uma semana antes, será divulgado o PIB do segundo trimestre, que pode apontar uma contração.

Nos últimos dias, investidores passaram a apostar que o Copom poderia cortar a taxa em setembro. A especulação se baseava na hipótese de que Dilma pressionaria o BC para cortar os juros antes da eleição, para incentivar a economia. A reunião seguinte do Copom será em outubro, já após o segundo turno.

A aposta vinha sendo reforçada dentro do governo e na cúpula da campanha de Dilma: alguns assessores defendiam corte na Selic para tentar reduzir o mau humor em relação à economia.

O BC afirmou, no entanto, que a demanda de consumidores e empresas continuará "relativamente robusta" e que os reajustes salariais "ainda" são um fator inflacionário. Além disso, segundo o BC, é preciso combater os efeitos da alta do dólar e do reajuste de tarifas, que vão continuar subindo até 2016.

O BC vê a desaceleração do crédito como positiva, pois conteve o endividamento das famílias e o risco dos bancos.

Analistas afirmam que o próprio BC acionou a especulação, ao usar no comunicado divulgado após a reunião em que manteve a taxa a expressão "neste momento".

"Ainda não deu para entender por que eles mantiveram isso no comunicado", disse Tony Volpon, diretor da corretora Nomura Securities.

"Agora, o BC deixou clara a sua estratégia. Um corte da taxa neste ano seria algo puramente eleitoral", diz Raphael Juan, da BBT Asset.

Opinião

Dilema entre inflação e crescimento é apenas aparente, escreve Gustavo Loyola
folha.com/no1490842

Não há espaço para redução da taxa de juros no curto prazo, escreve André Perfeito
folha.com/no1490847


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página