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Sanção mira Rússia, mas pode acertar UE

Sob previsão de crescimento pífio, empresas ocidentais reveem negócios no país, punido por conflito com a Ucrânia

Economia vulnerável pode abater BP, Boeing, McDonald's e bancos na região; 25 mil alemães podem ser demitidos

LEANDRO COLON DE LONDRES

As sanções econômicas aplicadas pela União Europeia contra a Rússia, anunciadas na semana passada, podem até brecar o apoio do governo de Vladimir Putin aos separatistas do leste ucraniano, mas terão pelo menos um efeito adverso: prejudicar negócios de empresas ocidentais na região.

Estão em alerta grandes companhias que operam na Rússia, como BP, Boeing, Carlsberg, McDonald's, e também as de pequeno e médio porte, incluindo 6.000 alemãs que vendem carros, químicos e equipamentos para máquinas no país.

Embora as sanções mirem áreas específicas, como finanças, defesa e energia, analistas ouvidos pela Folha apontam que não há dúvidas de que vão atingir a frágil economia russa, que, de acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), está em recessão por causa do conflito.

Consequentemente, empresas estrangeiras que fazem negócios no país devem sentir efeitos e "pagar o preço" em curto e longo prazo.

Em 2013, a Rússia cresceu apenas 1,3%, e a previsão é de 0,2% para 2014. Segundo o Banco Central da Rússia, US$ 75 bilhões foram retirados do país no primeiro semestre deste ano, deixando a economia local vulnerável.

"As sanções permanecem restritas a um escopo, o impacto parece limitado, mas indiretamente vai ser substancial, especialmente por causa das medidas financeiras", diz Adam Slater, da consultoria britânica Oxford Economics.

Ele não descarta um crescimento negativo do país em 2014 sobretudo em razão da medida que impede bancos russos de captar recursos no mercado europeu, o que deve encarecer a operação bancária interna.

"Há um risco de enfraquecimento da moeda local, taxas de juros mais altas e um impacto negativo no crescimento econômico", avalia.

Para produzir seus aviões, a americana Boeing compra um terço do seu titânio dos russos, além de negociar frota aérea no país.

"Estamos conscientes das novas sanções anunciadas e revendo o assunto para entender o impacto, se houver, para o nosso negócio e parcerias em curso na região", disse a empresa à Folha.

Para o economista Igor Nicolaev, diretor da prestigiada consultoria russa FBK, essas empresas europeias, principalmente as montadoras alemãs, "vão pagar o preço (das sanções) e perder parte do seu mercado na Rússia".

"As consequências serão extremamente tristes para a economia e a população. O setor bancário vai sofrer o impacto principal, com o fechamento do acesso ao crédito. Sem empréstimo, não há dinheiro, não há desenvolvimento e, no fim, temos a crise econômica", diz.

"Os bancos (russos) vão aumentar o custo do crédito e isso terá impacto sobre os empréstimos para as pequenas empresas", ressalta.

COMIDA E BEBIDA

Só no primeiro quadrimestre deste ano, as exportações da Alemanha para a Rússia caíram 14% --e 25 mil alemães podem perder seus empregos em razão da crise.

O Comitê Alemão de Relações Econômicas com o Leste Europeu adotou o discurso de que a "primazia política" deve prevalecer, apesar das perdas financeiras.

Com o conflito, a rede McDonald's já fechou lojas na Crimeia e em Donetsk, região ucraniana ocupada por rebeldes pró-Rússia.

Outro setor que está atento é o da cerveja, que já tinha sofrido com uma queda no consumo de 5% no mercado russo em 2013.

A dinamarquesa Carslberg é líder no país, com a marca de cerveja Baltika. Em seu relatório sobre o primeiro quadrimestre de 2014, em plena crise entre russos e ucranianos, o grupo não escondeu o pessimismo daqui para a frente: "A situação de incerteza no leste da Europa terá impacto sobre as economias e no sentimento do consumidor. Consequentemente, passamos a admitir que o mercado russo vai declinar".

Procurado para comentar as últimas sanções, o grupo disse que prefere esperar os resultados do segundo quadrimestre.

Uma das sanções, esta aplicada não só pelo bloco europeu como também pelos EUA, é a restrição de troca de tecnologia na área de energia, uma das principais fontes de recursos do governo russo.

A gigante britânica BP, dona de 20% da russa Rosneft (controlada pelo governo), já demonstrou insatisfação com as medidas, que podem afetar seus negócios na região.


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