Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Governo da Argentina errou ao conduzir crise, diz ex-ministro

Para Martin Lousteau, que foi do gabinete de Cristina, presidente subestima custos de calote

Economista afirma que precedente criado pesará sobre a região e não prevê novas negociações em 2015

FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES

A Argentina está em recessão e a inflação anual ronda os 35%. Não consegue captar dinheiro e pena para equilibrar as contas externas. "O calote irá agravar esse quadro", diz Martin Lousteau.

Lousteau foi, em 2007, o primeiro ministro da Economia da presidente Cristina Kirchner. Tinha 37 anos, defendia o combate mais intenso à inflação e bateu de frente com outros membros do núcleo duro do governo.

Após menos de cinco meses no cargo, a presidente pediu sua saída. Hoje é deputado de oposição e critica a condução da crise da dívida.

Lousteau falou à Folha por email.

Folha - O que os megabancos globais ganham [ao se oferecerem para resolver a crise]?
Martín Lousteau - Um calote não convém a ninguém.
O precedente criado pode ser um obstáculo a futuras reestruturações. E a região, com muitas eleições presidenciais próximas, ingressa nessa etapa com um país importante novamente em suspensão de pagamentos.
Alguns bancos, particularmente os que têm títulos argentinos em sua carteira ou clientes com essa posição, podem ter interesses e instrumentos para se envolver.
Mas, à medida que o governo argentino persiste no tom das suas declarações, esse incentivo pode se diluir.

Em 2015 [quando terá vencido a regra contratual obrigando a Argentina a estender a todos uma oferta aos credores litigantes] haverá negociação?
Até agora a posição do governo poderia ser interpretada como dureza para abrir uma via de solução aceitável, pública ou privada. Mas nesse ponto, e vendo que o contexto continua igual, é difícil prever negociações, mesmo em 2015. Depende dos desdobramentos [no processo] e das frentes econômica e política internas. O governo não é plenamente consciente dos custos que o calote terá.

Se a Argentina for às cortes internacionais, algo muda?
Não acho que isso seja uma possibilidade para nada.

O cenário atual era o único possível?
Não. A estratégia argentina esteve cheia de erros: legais, econômicos, políticos, de discurso, de atitudes, de lobby e de comunicação. Nesses dois meses, a Argentina negociou fracamente uma sentença forte. Ainda assim, houve saídas que estiveram próximas de serem concretizadas [uma tentativa de acordo costurada por bancos argentinos]. Na minha opinião, não se trabalhou corretamente. E a isso se soma a debilidade crescente da economia.

O ministro da Economia, Axel Kicillof, afirmou que os credores da dívida renegociada sabiam do risco. A Argentina é um devedor de boa-fé?
A Argentina mostrou nesses anos que é, no mínimo, um devedor difícil. Renegociou a dívida e, menos de uma década depois, entrou em calote por um montante pequeno. E no meio pagou muito, sem conseguir alcançar as taxas [de juros mais baixas] dos países vizinhos. Em janeiro e fevereiro de 2007, quase dois anos depois da reestruturação, a taxa dos títulos argentinos era a mesma que a do Brasil.

Leia a íntegra da entrevista de Lousteau
folha.com/no1495765


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página