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Brasileiros tentarão tirar app Secret do ar
Grupo reúne pessoas que se dizem caluniadas; empresa afirma que previne ofensas
Um grupo de dez pessoas entrará nos próximos dias com pedidos extrajudiciais para que Apple e Google removam de suas lojas virtuais no Brasil o aplicativo Secret, uma rede social que mantém todo usuário anônimo e que vem ganhando popularidade no país nesta semana.
Segundo o responsável pela iniciativa, o consultor de marketing Bruno de Freitas Machado, 25, cada membro do grupo sofreu calúnia ou teve informações privadas divulgadas sem autorização.
Ele decidiu tomar uma atitude legal contra o serviço na última terça (5), quando viu que fotos em que aparecia nu haviam sido publicadas.
Para a advogada responsável pelo caso, Gisele Arantes, o app infringe a Constituição e o Marco Civil ao manter só em inglês os termos de uso (espécie de contrato que o usuário deve concordar no primeiro acesso) e ao incitar a expressão de pensamento em anonimato.
Machado disse que optou pela via juidical porque teria recebido uma resposta negativa após notificar o Secret, cuja empresa que controla é sediada nos Estados Unidos e foi fundada por dois ex-funcionários do Google em janeiro último.
OUTRO LADO
A empresa americana que é proprietária do aplicativo disse que trabalha "em diversas frentes" para prevenir e combater publicações discriminatórias e ofensivas.
"O uso indevido do Secret no Brasil é tratado como o fazemos em todo país em que ganhamos popularidade", disse Sarahjane Sachhetti, porta-voz da companhia, em e-mail. "Nossa equipe de moderação analisa as publicações sinalizadas [como inapropriadas] por usuários e toma alguma atitude, seja removendo o post ou banindo os maus elementos que tiverem reincidido na violação das regras", diz.
Segundo a empresa, houve um grande influxo de usuários brasileiros nesta semana, e o aplicativo tornou-se o mais baixado na semana nas lojas da Apple e do Google do país. O Secret foi lançado nos EUA no dia 30 de janeiro deste ano e, no Brasil, no dia 22 de maio.
Lançado no Brasil em maio, o Secret também pode ser acessado usando um computador (secret.ly), mas em uma versão reduzida, que não permite filtrar as publicações por autoria (restringindo, assim, a contatos) ou fazer comentários.
Apple e Google não responderam a contatos até a publicação desta reportagem.