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O Brasil que trabalha

Expansão na base reduz abismo social mas limita economia

O Brasil que trabalha Mudanças no mercado afetam produtividade e refletem falta de profissional preparado em setores que crescem

Nos últimos cinco anos, país contratou serventes, auxiliares, vigias e recepcionistas e eliminou postos médios

ÉRICA FRAGA MARIANA CARNEIRO INGRID FAGUNDEZ DE SÃO PAULO

Dez profissões de pouca qualificação e salário baixo foram responsáveis por metade dos 9,4 milhões de empregos formais criados no país entre 2007 e 2013.

O cargo de servente de obras foi o campeão de vagas geradas: 921 mil, quase 10% do saldo total entre contratações e demissões no período.

Trabalhadores de chão de fábrica, faxineiros, vendedores, vigilantes e recepcionistas também tiveram os maiores saldos de postos criados.

Na outra ponta, entre as carreiras que demitiram muito mais do que contrataram, estão supervisores administrativos, trabalhadores do setor de cana-de-açúcar e operadores de máquinas fixas.

As informações são parte de um levantamento feito pela Folha nas bases de dados do Ministério do Trabalho e revelam um quadro de intensa mudança estrutural no mercado brasileiro.

O aumento da renda da classe média alimentou a demanda por serviços e comércio. A expansão salarial e os incentivos ao setor habitacional também explicam o aquecimento da construção civil.

Essas tendências levaram a uma maior formalização de quem antes trabalhava sem carteira assinada e a um forte aumento nas contratações por parte desses setores.

Mas a maioria das vagas criadas foi de baixa qualificação, já que os serviços demandados são pouco sofisticados, a oferta de mão de obra educada é limitada, e o setor de construção não se modernizou.

"O setor de construção civil no Brasil ainda é muito atrasado. Com pouca modernização, a demanda por serventes é alta", afirma o economista Anselmo Luís dos Santos, da Unicamp.

A intensa contratação de mão de obra pouco qualificada ajuda a explicar a queda do desemprego e da desigualdade. "Ganho muito mais do que muita gente que passou muito tempo estudando", diz o pedreiro Valdionor Santos Silva, 27, que completou apenas o ensino fundamental.

EFICIÊNCIA

O aumento do emprego tão concentrado em postos de baixa qualificação explica o lento avanço da eficiência da economia brasileira. E a baixa produtividade limita a capacidade de crescimento.

As empresas adotaram medidas para melhorar. Um sinal disso foi o forte crescimento nas contratações de profissionais com perfil técnico. O aumento de especialistas é acompanhado por um significativo corte dos cargos intermediários de gestão.

Também na busca por mais produtividade, máquinas têm substituído empregos no campo e nas empresas.

Mas a indústria, que poderia dar impulso à contratação de profissionais mais qualificados, está em crise --o que afeta a demanda por mão de obra no próprio setor e por serviços sofisticados que poderiam atendê-lo, como pesquisa e desenvolvimento.

Outro empecilho ao avanço da produtividade é a falta de mão de obra qualificada nos setores em expansão.

"Um monte de engenheiro júnior virou sênior. Um monte de encarregado virou mestre. Mestres passaram a ser pagos como nunca. Mas muitos não estavam preparados, e isso causou problemas", diz Antonio Setin, presidente da construtora Setin.

As tendências do mercado de trabalho são tema de uma série de reportagens da Folha a partir deste domingo.


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