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O Brasil que trabalha

Cubatão perdeu mais de 2.000 vagas no setor industrial

Produção estagnada faz com que fábricas percam trabalhadores para os setores do comércio e de serviços

Das 10 profissões que mais desempregaram, entre 2007 e 2013, 5 estão diretamente ligadas à indústria

MARIANA CARNEIRO ENVIADA A CUBATÃO (SP)

Em Cubatão, cidade do interior de São Paulo, a fraqueza da produção da indústria mudou a vida de Lucas Duarte, 24, Eduardo Alves, 33, e Luís Roberto Ferreira, 32.

Os três perderam o emprego no setor e tentavam, na última quinta-feira (8), encontrar um novo trabalho. As vagas que apareceram foram no setor de serviços.

"É muito difícil conseguir entrar [numa indústria], e eu não posso ficar sem trabalhar. É melhor pingar do que faltar", diz Alves. Recém-saído da Usiminas, onde trabalhou por quatro anos, ele tentava uma vaga de mecânico.

Das dez profissões que mais desempregaram na cidade, entre 2007 e 2013, cinco estão diretamente ligadas à indústria: soldador, instalador de tubulações, apontador de produção, operador de ponte rolante e caldeireiro.

Segundo dados do Ministério do Trabalho, 2.261 vagas na indústria de Cubatão, uma das mais maiores do país, desapareceram no período.

"A atividade industrial não tem crescido, mesmo as grandes empresas estão com a produção menor", afirma Valdir Caobianco, diretor do Ciesp (Centro das Indústrias de São Paulo) em Cubatão.

Como consequência, as vagas que têm surgido são, em sua maioria, no comércio e no setor de serviços.

No PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), na última quinta-feira, o mais numeroso registro de vagas era o de jardineiro.

"Colocamos o pessoal na rua para buscar vagas no comércio. Estamos com poucas ofertas de emprego", disse Sandra Rios, chefe do PAT.

Naquele dia, foram "captadas" duas novas vagas: uma de vendedor e outra de estoquista. Entre 2007 e 2013, a profissão que mais criou empregos em Cubatão foi a de servente de obras, seguida de auxiliar de escritório e ajudante de motorista.

A perda de trabalhadores da indústria para o setor de serviços é a imagem mais concreta da anunciada desindustrialização.

Com o aumento de custos internos e a maior concorrência com fabricantes globais, principalmente chineses, a indústria brasileira perdeu mercado tanto no Brasil quanto no exterior.

Isso levou a uma estagnação da produção local, que neste ano caiu 2,6% até julho.

"Cubatão é um caso emblemático", observa o economista Guilherme Moreira, da Fiesp. "Ali é muito relevante o setor químico, que por sua vez tem o segundo maior deficit comercial da indústria, só atrás dos eletrônicos."

Assim, a indústria perdeu mão de obra para áreas mais dinâmicas, como o comércio.

Hoje aposentado, o técnico de instrumentação e elétrica Jamil Spitti diz que muitos tiveram que deixar a cidade para seguir a profissão.

Seu próprio filho, também técnico de instrumentação, foi trabalhar no pólo químico de Camaçari, na Bahia. "Quem tá', tá'. Quem não tá' [na indústria de Cubatão], vai ficar de fora", diz.


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