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Baixo crescimento é culpa do câmbio, diz economista

Real muito valorizado seria principal motivo do aumento de 80% dos custos do trabalho entre 2002 e 2012

MARIANA CARNEIRO DE SÃO PAULO

É a valorização excessiva do real diante do dólar, e não os aumentos de salários, o principal motor da escalada dos custos trabalhistas no Brasil na última década.

As empresas, principalmente as do setor industrial, passaram a gastar mais com mão de obra.

Esse é o centro do debate sobre por que a indústria brasileira está em crise e o país parou de crescer.

Segundo o economista argentino Roberto Frenkel, o custo unitário do trabalho no país subiu cerca de 80% entre 2002 e 2012, já descontada a inflação.

Os reajustes salariais, segundo seus cálculos, responderam por menos de 10% desse movimento. O principal vetor foi a valorização excessiva e prolongada do real ante o dólar.

Para Frenkel, a valorização da moeda brasileira respondeu por dois terços do aumento do custo do trabalho, que onerou as empresas. Mais pesadas e pouco inovadoras, elas perderam a capacidade de competir com concorrentes estrangeiras.

Para Frenkel, o real mais forte deixou os salários mais caros em dólar. Além disso, houve um ingresso relevante de recursos com a venda de matérias-primas no exterior.

Esses processos combinados deixaram a economia entorpecida: havia empregos, geração de riqueza, mas ao mesmo tempo a indústria encolhia. "No Brasil e na Argentina, é a apreciação do câmbio que está gerando o menor crescimento", disse ele, nesta sexta-feira (15), em seminário na FGV-SP.

DIVISÃO

A leitura do economista é distinta da de muitos analistas brasileiros, que relacionam a estagnação à perda de eficiência ao produzir.

A opinião corrente é que, ao incorporar trabalhadores com menos qualificação, as empresas perderam produtividade. Ao mesmo tempo, reajustaram salários, o que as levou ao estrangulamento.

Frenkel afirma que a produtividade do trabalhador recuou entre 2002 e 2012. Porém, esse não foi o elemento mais relevante para os aumentos de custos.

O economista argentino é um dos nomes mais destacados do grupo conhecido como "keynesianos", que se inspira nos escritos do inglês John Maynard Keynes.

Para essa escola de pensamento, o câmbio é uma das principais ferramentas da política econômica e deve ser administrado pelo governo, a favor das empresas locais.

Desde o ano passado, o Banco Central vem interferindo nesse mercado, porém forçando a queda do dólar (valorização do real). Embora ajude no combate à inflação, a estratégia é alvo de críticas desses economistas. E também dos liberais, que defendem a livre flutuação, sem a interferência estatal.

O ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, que se alinha aos economistas "keynesianos", afirma que essa valorização excessiva do real é anterior a 2002 e explica a estagnação da renda per capita do país desde os anos 1990.


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