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China adia liberação da carne brasileira

Reabertura do mercado foi principal resultado de visita do líder chinês; Pequim quer negociar protocolo sanitário

Mudança ocorre após caso atípico do mal da vaca louca em MT; produtores cobiçam classe média crescente

MARCELO NINIO DE PEQUIM

A China quer negociar um novo protocolo sanitário com o Brasil antes de liberar a entrada de carne bovina brasileira em suas fronteiras. Isso adia por tempo indeterminado o fim do embargo ao produto brasileiro, anunciado na visita ao Brasil do líder chinês, Xi Jinping, em julho.

A carne bovina brasileira está barrada na China desde a identificação de um caso atípico do mal da vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina, ou EEB) no Paraná, em 2012. Em abril deste ano, o Ministério da Agricultura confirmou em Mato Grosso um novo caso atípico da doença.

O fim do embargo por Pequim, anunciado pela presidente Dilma Rousseff em Brasília em 17 de julho, ao lado de Xi, foi considerado pela diplomacia brasileira o maior resultado prático da visita do presidente chinês. A decisão foi publicada no mesmo dia pela agência de vigilância sanitária da China, AQSIQ.

No entanto, os procedimentos para a liberação têm sido mais lentos do que o Brasil esperava. Funcionários da AQSIQ informaram à Embaixada do Brasil em Pequim que serão necessárias "algumas semanas" para o novo protocolo sanitário sair.

Em tese, segundo técnicos, não deveria haver demora: bastaria atualizar o protocolo anterior, negociado quando o Brasil não tinha casos de vaca louca, e incluir o atual status na Organização Mundial de Saúde Animal, de risco insignificante da doença.

Mas a expectativa no Brasil de que o crescente mercado chinês se abra à carne bovina do país tem sido frustrada. Questionada pela Folha se a barreira seria removida neste ano, uma autoridade chinesa do setor não se comprometeu com prazos.

"Ainda há condições a serem cumpridas", disse Ye Quanbao, vice-diretor para Américas e Oceania do Ministério da Agricultura chinês.

A expectativa do governo brasileiro com o fim do embargo é vender US$ 1,2 bilhão em carne bovina à China em 2015, aproveitando a ampliação da classe média e sua demanda por proteína animal.

A meta equivale à metade da importação chinesa do produto projetada para 2015. Em 2011, antes do embargo, o Brasil exportou US$ 37,7 milhões em carne à China.

Especialistas não esperam um caminho curto até lá: "Pela nossa experiência, um protocolo de acesso a mercado de carne raramente é rápido", disse à Folha Joe Haggard, vice-presidente para Ásia e Pacífico da Federação de Exportadores de Carne dos EUA.

A carne bovina americana está barrada na China desde 2003, também devido a um caso de mal da vaca louca.

Segundo outras fontes ouvidas pela Folha, a morosidade pode estar ligada à influência em Pequim de grupos envolvidos no contrabando de carne bovina brasileira via Hong Kong, que, com apenas 7 milhões de habitantes, foi o maior importador do produto do Brasil em 2013.


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