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"A realidade aqui é outra", diz trabalhador

DE SÃO PAULO

Há dois anos no Brasil, o haitiano Saintil Denold, 25, diz que deixou a oportunidade de ir trabalhar no Rio para ficar em São Paulo e ganhar cerca de R$ 1.500 como ajudante na oficina que foi alvo da fiscalização do Ministério do Trabalho no dia 5.

"Ela [a dona da oficina] foi nos buscar no centro de migrantes, que funciona na pastoral. Prometeu moradia e comida, além do salário. Mas depois a realidade aqui foi outra", diz Denold, que, como não sabia costurar, era ajudante-geral e atuava como tradutor do grupo.

Dez dos 12 trabalhadores estrangeiros haviam chegado havia pouco mais de dois meses ao Brasil e estavam abrigados na pastoral Missão da Paz, no centro de SP.

"Quando ficamos sem salário, só com um vale que era muito pouco, paramos de trabalhar. A comida era fraca, depois ficou em um local fechado", diz o trabalhador.

Denold chegou ao Brasil, pelo Acre, porta de entrada dos haitianos ao país, após passar por Lima (Peru), na tentativa de fazer faculdade de administração.

"Não tinha emprego nem estudo. Como tinha um amigo no Brasil, decidi vir para cá, após pesquisar que havia muito emprego na internet."

Filho de professores no Haiti, ele diz ter contado com a ajuda dos pais para comprar "frango e mistura" aos colegas da oficina.

A fiscalização diz que alimentos deteriorados foram achados no imóvel.

O grupo trabalhava no andar térreo e dividia acomodações improvisadas no andar de cima do imóvel. O ambiente tinha paredes mofadas, colchões rasgados e botijões de gás armazenados de forma inadequada que ofereciam risco de explosão, segundo os fiscais.

Na quinta (dia 21), a reportagem esteve no local, mas não pode visitar o alojamento. A oficina estava sendo desmontada. A dona da oficina trancava os alimentos em um local de acesso restrito, segundo relataram dois trabalhadores. Sacos de arroz, feijão, café e macarrão foram encontrados escondidos no interior de um sofá, segundo fotos feitas pela fiscalização.

Denold recebeu a primeira parcela da rescisão a que tem direito, paga pela atacadista que subcontratou a oficina. "Estou pensando no que fazer. Talvez volte ao Haiti."


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