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Fórum de Exportação
Meirelles minimiza efeito de preços sobre exportação
Para ex-presidente do BC, investimentos explicam inserção maior do país
Voltar a exportar é a saída para que o Brasil retome o crescimento e afaste vulnerabilidade, diz executivo da J&F
O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles minimizou o papel da escalada de preços no incremento das exportações brasileiras da última década.
As vendas do país ao exterior quase triplicaram entre 2003 e 2008, saindo de US$ 73 bilhões para US$ 198 bilhões em cinco anos. Em 2010, as exportações superaram US$ 200 bilhões.
Economistas atribuem esse período de ouro do Brasil no comércio exterior à valorização dos preços de matérias-primas, como soja e minério de ferro.
O resultado permitiu que o Brasil ficasse, por cinco anos seguidos, com a conta-corrente (trocas com o exterior) no azul, viabilizando o pagamento da dívida externa.
Para Meirelles --que abriu, nesta quarta-feira (27), o Fórum de Exportação, evento organizado pela Folha em São Paulo--, a contribuição da alta de preços nas exportações só surtiu efeito após a crise global de 2008/2009 e foi acionada pela China.
Antes, de 2004 a 2008, as exportações dos produtos industriais cresceram mais do que a de produtos básicos.
"Não foi meramente uma questão de termos de troca [preços das exportações menos os preços das importações]", afirmou Meirelles.
"A indústria brasileira investiu muito e aumentou a sua participação substancialmente [nas exportações]."
Meirelles admite que os preços podem ter ajudado, mas o determinante foi o aumento da capacidade de produção das indústrias e dos agricultores brasileiros.
A partir de 2009, com a China despontando como locomotiva do crescimento global, os preços das matérias-primas passaram a subir com mais intensidade, afirma ele, o que deu impulso às exportações de produtos básicos. Os industriais, contudo, sofreram com a maior competição dos chineses.
SAÍDA AO EXTERIOR
Voltar a exportar é a saída apontada por Meirelles para que o Brasil retome o crescimento da economia e afaste o risco de entrar em um processo de vulnerabilidade.
Atualmente, o deficit do Brasil em conta-corrente é a 3,4% do PIB. No passado, quando a conta ficou negativa em 4%, o Brasil encontrou dificuldade de financiar esse deficit e mergulhou em crises cambiais.
"O caminho para retomar a expansão passa pelas exportações", afirmou Meirelles, que também é presidente do conselho da J&F (holding que controla a JBS, maior exportadora de carnes do mundo),
Recuperar as vendas externas, porém, não é algo que dependa apenas da alta da cotação do dólar, como defendem alguns empresários.
Durante sua palestra, Meirelles observou que os custos de produção no país aumentaram. Porém, a saída é recuperar os investimentos para melhorar a eficiência dentro das fábricas e a infraestrutura para escoar a produção.
O Fórum de Exportação continua nesta quinta (28) em São Paulo, no Tucarena (r. Monte Alegre, 1.204, Perdizes), das 9h às 13h.
Leia a cobertura do fórum e veja a programação de hoje
folha.com/142193