Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Para Brasil, entrada chinesa é 'inevitável'

Na avaliação do governo, país asiático não tem usado força econômica para aumentar poder político na região

Movimento de Pequim segue os passos do executado na África; para câmara comercial, vizinhos devem se unir

DE BRASÍLIA DE BUENOS AIRES

Na visão do governo brasileiro, a entrada da China na Argentina é "inevitável" diante do poderio econômico do país asiático e está dentro do roteiro de expansão de investimentos de Pequim.

Após centrar esforços na África, onde atualmente estão cerca de 20% dos recursos dos chineses no mundo, o país volta-se agora para a América Latina.

Na região, o investimento ainda é tímido: o valor estimado equivale a 12% do total de recursos injetados pela China no mundo, considerando compra de ativos e linhas de financiamento.

Países como Venezuela e Equador, que enfrentam dificuldades para levantar dinheiro, já têm a China como um de seus principais credores. O próprio Brasil vem sendo beneficiado pelo apetite chinês. Em 2009, a Petrobras fechou empréstimo de US$ 10 bilhões com o Banco de Desenvolvimento da China.

Neste sentido, o avanço chinês já preocupou mais o Brasil. Havia dúvida sobre se os chineses teriam pretensões de usar o poder econômico como forma de influenciar a política da região, o que não aconteceu até o momento.

O governo brasileiro avalia que há um limite para a expansão chinesa, uma vez que há "grande simbiose" entre as indústrias brasileira e argentina. Além disso, o foco dos chineses é a compra de matérias-primas. Os argentinos também têm interesse em vender manufaturas no mercado brasileiro, diz um interlocutor do governo que não quer ter o nome revelado.

Para Maurício Claveri, analista de comércio exterior da consultoria argentina Abeceb, ante a previsão de retração de 2,5% do PIB argentino, todas as compras do país vão recuar, "mas quem mais perde é o Brasil".

Segundo ele, existe uma substituição "indireta", porque os brasileiros costumavam vender o produto acabado e agora há a importação de partes e peças chinesas, que são montadas lá.

Os dados de comércio sinalizam essa tendência. Enquanto as importações da Argentina caíram 9% nos sete primeiros meses do ano contra o mesmo período do ano passado, as compras de produtos brasileiros retrocederam 20%, e as de bens chineses, apenas 1%.

Segundo Jorge Rodríguez Aparicio, presidente da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira, há menos interesse pelo comércio bilateral entre os países vizinhos.

Nos últimos dois anos não houve nenhuma missão de empresas argentinos ao Brasil promovida pela câmara de comércio em Buenos Aires.

"Os empresários brasileiros estão perdendo espaço na Argentina. E no Brasil os argentinos perdem espaço para a China. Isso teria que nos unir mais, se não por amor, por medo. Os chineses têm uma competitividade tremenda", afirma.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página